Mesmo sob medidas cautelares, ex-presidente se comunica com apoiadores; manifestações criticam o STF e reforçam tensão com a Justiça
Por Sandra Venancio – Foto Reprodução Redes Sociais
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou neste domingo (3) de atos organizados por apoiadores em São Paulo e no Rio de Janeiro. Impedido de sair de casa aos fins de semana e proibido de usar redes sociais por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro utilizou ligações telefônicas e videochamadas para se comunicar com os manifestantes. As mensagens foram reproduzidas ao público por aliados, driblando os limites impostos pela Justiça.
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Durante os eventos, críticas ao STF — especialmente ao ministro Moraes — dominaram os discursos. A participação de Bolsonaro, ainda que indireta, foi recebida com entusiasmo pelos manifestantes e demonstrou a estratégia do ex-presidente de manter influência sobre sua base mesmo sob forte cerco judicial.
As restrições a que Bolsonaro está submetido fazem parte de medidas cautelares impostas no curso de investigações sobre supostas articulações ilegais do ex-presidente e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para pressionar autoridades brasileiras e buscar sanções internacionais contra membros do Judiciário, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF).
A decisão do STF proíbe expressamente que Bolsonaro utilize redes sociais, ainda que por meio de terceiros, e alerta que eventuais discursos não podem ser transformados em conteúdo de divulgação posterior, caracterizado como “material pré-fabricado”. A tornozeleira eletrônica, também imposta por Moraes, visa garantir o monitoramento do ex-presidente, que está obrigado a permanecer em casa durante os fins de semana.
Apesar das limitações, a participação de Bolsonaro nos atos levanta dúvidas sobre os mecanismos de controle e fiscalização das medidas judiciais e alimenta o debate sobre os limites da liberdade de expressão em contextos de investigação criminal. Até o momento, a defesa do ex-presidente não se pronunciou sobre os episódios deste domingo.