Exposição de símbolo norte-americano em manifestação de 7 de setembro levanta suspeitas sobre uso de recursos públicos em São Paulo
Por Sandra Venancio – Foto Commons Wikimedia
O nome de Gustavo Pires ganhou destaque no noticiário político nacional nesta semana após a exibição de uma grande bandeira dos Estados Unidos em um ato de 7 de setembro na Avenida Paulista, organizado por apoiadores de Jair Bolsonaro em defesa de anistia aos réus do chamado “núcleo 1” do processo do STF sobre os atos de janeiro de 2023. Pires, presidente da SPTuris — empresa municipal de fomento ao turismo e uma das organizadoras do evento da NFL em São Paulo — passou a ser investigado por possíveis conexões entre o material esportivo e o uso político da bandeira.
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A trajetória de Pires na administração pública de São Paulo é marcada por ascensão meteórica. Próximo do ex-prefeito Bruno Covas desde a época da faculdade de Direito na Universidade Mackenzie, ele iniciou sua carreira como assessor na vice-prefeitura em janeiro de 2017, com salário de R$ 4.937,49, e, em poucos meses, foi promovido a Assessor Especial, recebendo R$ 14.395,19. Dois anos depois, já no governo de Covas, assumiu como secretário-executivo do gabinete, tornando-se o mais jovem titular de cargo de primeiro escalão na história da capital paulista.
Chegou à SPTuris pelas mãos do atual prefeito Ricardo Nunes, mantendo vínculo de confiança com status de secretário municipal e salário atual próximo de R$ 30 mil. No órgão, Pires trabalhou para trazer grandes eventos internacionais à cidade, como Lollapalooza, Fórmula 1 e, mais recentemente, jogos da NFL, que estrearam em São Paulo em 2024.
O foco do questionamento atual é saber se o bandeirão exibido na Avenida Paulista teve algum vínculo com recursos públicos destinados ao evento esportivo e se houve cessão indevida do material para fins políticos, o que configuraria irregularidade. Além disso, investigações federais buscam apurar se houve apoio ou financiamento de entidade estrangeira, no caso, a NFL.
Até o momento, a SPTuris não se pronunciou oficialmente, e Gustavo Pires ainda não respondeu às tentativas de contato da imprensa. A expectativa é que ele seja chamado a prestar esclarecimentos à Câmara Municipal e a órgãos de controle sobre os contratos e materiais utilizados nos eventos.
O episódio coloca Pires no centro de uma controvérsia que envolve gestão de recursos públicos, símbolos estrangeiros em atos políticos e a persistência de manifestações golpistas, desafiando o jovem gestor a dar respostas claras sobre sua atuação na SPTuris.




