Condenação histórica do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado amplia inelegibilidade e muda os cálculos da direita sobre o futuro político de Tarcísio de Freitas
Sandra Venancio – Foto Wilson Dias/Agencia Brasil
A sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a trama golpista de 2022 não apenas selou o destino do ex-mandatário, como também redesenhou o tabuleiro da sucessão presidencial. Até a última quinta-feira (11), o cálculo de seus aliados era que, inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro poderia voltar ao Planalto naquele ano — o que pressionava Tarcísio de Freitas (Republicanos) a arriscar uma candidatura já em 2026 contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Agora, com a ampliação do prazo, a equação mudou.
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A decisão da Primeira Turma do STF não apenas impôs a pena de prisão, como também decretou a inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos, contados após o cumprimento da pena. Na prática, ele só poderia disputar eleições novamente em 2062. Mesmo em caso de anistia, o cenário mais otimista projeta sua volta às urnas em 2034.
Essa reviravolta esvaziou o discurso do “agora ou nunca” para Tarcísio. Aliados da direita já falam em “paciência estratégica”: o governador paulista poderia se reeleger em 2026, consolidando sua força política, e só então mirar a Presidência em 2030, quando Bolsonaro seguirá fora do jogo.
Entre os líderes conservadores, a avaliação é de que Lula terá vantagem em 2026, inclusive com chances de reeleição, mas o PT não dispõe de um sucessor competitivo para 2030. O espaço, nesse cálculo, seria aberto para que a direita se una em torno de Tarcísio, sem a sombra do padrinho político.
Enquanto isso, o ex-presidente condenado enfrenta não só a prisão, mas também a implosão de seu projeto de retorno. Ao lado dele, seis aliados receberam penas de 16 a 26 anos, enquanto Mauro Cid, delator da trama, foi condenado a dois anos em regime aberto.
No xadrez político brasileiro, a queda definitiva de Bolsonaro reconfigura o futuro da direita: de um projeto de urgência em 2026 para um jogo de longo prazo, em que Tarcísio desponta como herdeiro natural, mas sem a pressão do risco imediato de ser ofuscado pelo criador.




