Videoconferência mediada por Fernando Haddad marca o primeiro diálogo direto entre os presidentes desde o retorno de Trump à Casa Branca; comércio e diplomacia dominaram a pauta
Por Sandra Venancio
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira (6) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de uma videoconferência com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir comércio e relações diplomáticas. O encontro virtual foi acompanhado do Palácio da Alvorada por Haddad, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social). Segundo Haddad, a troca de ideias “foi positiva”. As informações são do g1.
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A conversa marcou o primeiro diálogo direto entre Lula e Trump desde o retorno do republicano à presidência norte-americana, em janeiro de 2025. A possibilidade de uma reunião já havia sido levantada durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, quando ambos se cumprimentaram brevemente após seus discursos. Na ocasião, Lula declarou que “aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu”, destacando uma “boa química” com Trump — percepção confirmada pelo próprio norte-americano.
Fontes do governo afirmam que o formato virtual foi escolhido como medida de cautela, etapa preliminar para avaliar convergências e divergências antes de um possível encontro presencial. Desde a vitória de Trump, a diplomacia brasileira tem agido com discrição, temendo reviravoltas na postura do presidente americano ou resistência interna à reaproximação com o Brasil.
O principal ponto de atrito da conversa foi o tarifaço de 50% imposto por Trump sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto. A medida afeta cerca de 36% das exportações do Brasil aos Estados Unidos e foi justificada pela Casa Branca com base em um suposto déficit comercial, não confirmado por dados oficiais. Trump também mencionou o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e questionamentos sobre “liberdade de expressão de cidadãos americanos” no Brasil.
Em resposta, Lula reafirmou a soberania nacional e a independência do Judiciário, enfatizando que esses temas “não estão em negociação”. O presidente, no entanto, destacou a disposição do Brasil para o diálogo econômico e a cooperação internacional, buscando um reequilíbrio nas relações com Washington.
O governo brasileiro avalia que a videoconferência abre uma nova fase diplomática, ainda marcada por cautela, mas com espaço para avanços pragmáticos nas áreas comercial e ambiental. Um encontro presencial entre Lula e Trump está sendo cogitado para antes do final de 2025, possivelmente durante o G20, a ser sediado no Brasil.




