Pai e filho eram investigados por ligação com o traficante Maurício “Dragão”, preso por financiar plano do PCC para matar promotor. Confronto deixou um policial ferido e apreensão de R$ 300 mil em espécie
Por Sandra Venancio
Um confronto sangrento entre o Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) e um suspeito de envolvimento com o tráfico terminou em morte e deixou um policial ferido, na manhã desta quinta-feira (30), no condomínio, no distrito de Sousas, em Campinas (SP). A operação mirava um esquema milionário de lavagem de dinheiro ligado a dois dos traficantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), mais procurados do país.

O alvo principal, Luís Carlos dos Santos, 56 anos, morreu dentro do sobrado onde morava há mais de uma década, no condomínio Colinas do Ermitage. Segundo a Polícia Militar, ele reagiu à abordagem atirando contra os agentes e chegou a simular rendição antes de ser neutralizado. O filho dele, Rafael Luís dos Santos, também é investigado e teria participação direta na movimentação financeira de Maurício Silveira Zambaldi, conhecido como Maurício Dragão — preso em agosto sob suspeita de comandar operações de lavagem de dinheiro e financiar um plano do PCC para assassinar um promotor do Ministério Público.

De acordo com o Tenente-Coronel Wanderlei Turolla Alves Cardoso, comandante do 1º Baep, a equipe entrou na residência após arrombar a porta principal. “Ele estava com duas armas na mão. Fingiu que ia se render, correu para o quarto e voltou a atirar. Foi um confronto intenso, em um terreno íngreme, e só depois de várias tentativas de negociação ele acabou neutralizado”, relatou o oficial.
Durante o tiroteio, um sargento da PM foi baleado no ombro direito. Ele foi socorrido em estado estável ao Hospital de Clínicas da Unicamp, onde passou por cirurgia e não corre risco de morte.
O Corpo de Bombeiros e o Samu foram acionados, mas o óbito de Luís Carlos foi constatado ainda no local. Dentro do imóvel, os policiais encontraram quatro armas de fogo, munições e mais de R$ 300 mil em dinheiro vivo, parte armazenada em sacos cheios de moedas de R$ 1. A suspeita é de que os valores tenham origem no tráfico de drogas e em operações de lavagem de capitais comandadas por Maurício Dragão.
A casa, avaliada em mais de R$ 3 milhões, era monitorada há semanas pelo setor de inteligência da PM. O condomínio na região de Sousas, amanheceu tomado por viaturas, helicópteros e peritos criminais. Moradores relataram pânico e barulho de rajadas de fuzil por volta das 6h.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte e a relação direta entre Luís Carlos, o filho Rafael e o grupo de Maurício Dragão. O caso reacende o alerta sobre a presença de células do Primeiro Comando da Capital (PCC) no interior paulista e o uso de empreendimentos de luxo como fachada para a lavagem de dinheiro do crime organizado.




