Eleição marca ruptura com era Carnielli e impõe ao novo presidente uma agenda pesada de dívidas, processos e reconstrução institucional
A vitória do juiz aposentado Luiz Antônio Alves Torrano para comandar a Diretoria Executiva da Ponte Preta até 2029 encerra um ciclo político de 29 anos que moldou os rumos do clube desde a ascensão de Sérgio Carnielli em 1996. É a primeira vez, desde então, que um dirigente sem vínculo com o grupo do empresário assume o comando da instituição.
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O desfecho da eleição, realizada no Salão Nobre do Moisés Lucarelli, marca um ponto de inflexão em uma crise institucional iniciada em 4 de setembro de 1996, quando o fisioterapeuta Nivaldo Baldo pediu licença do cargo e abriu caminho para a posse de Carnielli. A mudança ocorreu em meio à penhora da unidade do Jardim das Paineiras e ao acúmulo de 54 ações trabalhistas e cíveis. Com resultados expressivos dentro de campo e ausência de oposição organizada, Carnielli governou a Ponte por 15 anos, influenciando as gestões subsequentes.

Torrano rompe essa sequência. Ele será o primeiro presidente do século a comandar o clube sem ter participado antes da Diretoria Executiva, do Conselho Deliberativo ou do Conselho Fiscal. Contará com Marco Antônio Eberlin, seu principal aliado, ocupando a vice-presidência e o comando do departamento de futebol.
O novo dirigente herda um cenário complexo. Apesar dos títulos da Série A2 de 2023 e da Série C de 2025, a Ponte acumula dois rebaixamentos recentes e enfrenta uma série de pendências judiciais. Jogadores campeões da Série C ingressaram com ações trabalhistas, o clube tem parcelas em atraso no Plano Especial de Pagamento Trabalhista e enfrenta cobranças na Câmara Nacional de Resolução de Disputas.
Na esfera cível, o Regime Centralizado de Execuções não avança devido à liminar que bloqueou recursos reivindicados por 28 credores. O quadro pressiona o caixa e dificulta qualquer planejamento. Em paralelo, Torrano terá de conduzir o processo de financiamento e modernização do Moisés Lucarelli e a conclusão das obras do Centro de Treinamento do Jardim Eulina.
No campo esportivo, a equipe terá pela frente o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e a Série B, competições estratégicas para que a nova diretoria reconquiste credibilidade e reduza tensões com a torcida.
O que ainda está por trás da ruptura histórica
A chegada de Torrano quebra uma lógica de três décadas em que o grupo de Carnielli, mesmo com rupturas internas, ditou o ritmo político do clube. Integrantes antigos da estrutura afirmam que a rede de alianças construída desde 1996 ainda influencia setores administrativos, contratos e decisões de médio prazo. A disputa que levou à chapa vencedora foi marcada por movimentações internas discretas, que passaram por conselheiros afastados e setores descontentes da torcida organizada.
Outro ponto sensível é o financiamento das obras no estádio e no CT. Documentos do período recente indicam que parte dos compromissos firmados com fornecedores depende de renegociações. Há pressões para que o novo presidente revele a real extensão dos débitos herdados — tema que não foi detalhado na campanha.
COMANDAR A PONTE PRETA:
Presidente: Luiz Antônio Alves Torrano
Secretária executiva: Christine Rodrigues
1º vice-presidente: Marco Antonio Eberlin (que também será diretor de futebol e das categorias de base)
CONSELHO DELIBERATIVO:
Presidente: José Armando Abdalla Junior
Vice-presidente: Nilton Levantezi
1º secretário: Mario Sergio Tognol
2º secretário: Maria José Zanetti Fernandes
CONSELHO FISCAL:
Presidente: Tagino Alves dos Santos
Membro titular: Paulo Luciano Dallan
Membro titular: Airton Francisco Rossetti
Membro suplente: Edson Piellusch
Membro suplente: Valdecy Manoel da Silva
Membro suplente: Edevigenis Herminio Costa Neto




