25.9 C
Campinas
terça-feira, dezembro 16, 2025
spot_img

Prefeito Ricardo Nunes e Tarcísio pedem socorro ao governo Lula por intervenção na Enel

Data:

Apagões recorrentes e milhões sem energia colocam concessão no centro de disputa política entre São Paulo e Brasília

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador Tarcísio de Freitas se reúnem nesta terça-feira com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para cobrar do governo federal a decretação da caducidade do contrato da Enel e a intervenção na concessão responsável pelo fornecimento de energia elétrica em 24 municípios da região metropolitana. O encontro ocorre em meio a mais uma crise no sistema elétrico, que deixou mais de 2,2 milhões de domicílios sem luz nos últimos dias.

>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp

Até a noite de segunda-feira, no sexto dia consecutivo de falhas no serviço, cerca de 95 mil imóveis ainda permaneciam sem energia. O cenário reacendeu o embate entre o Palácio do Planalto e as lideranças paulistas, que passaram a defender abertamente o rompimento do contrato com a concessionária.

A Enel, por sua vez, tem atribuído parte dos problemas a fatores climáticos e à queda de árvores sobre a rede elétrica.. Foto Governo do Estado SP

Ricardo Nunes elevou o tom das críticas e afirmou que não há mais condições de permanência da empresa à frente da concessão. O prefeito sustenta que os apagões se tornaram recorrentes e seguem um padrão de agravamento: 2,1 milhões de imóveis afetados em 2023, 2,4 milhões em 2024 e outros 2,2 milhões em 2025. Para ele, o histórico inviabiliza qualquer discussão sobre continuidade ou renovação contratual.

A ofensiva política mira diretamente o Ministério de Minas e Energia. Nunes criticou a posição do ministro Alexandre Silveira, que defende a possibilidade de antecipar a renovação do contrato da Enel, válido até 2028. Nos bastidores, a avaliação do entorno do prefeito é de que o governo federal tem resistido a medidas mais duras por receio de insegurança jurídica e impacto no setor elétrico.

O prefeito argumenta que a legislação é clara ao atribuir ao presidente da República a prerrogativa de decretar a caducidade e intervir na concessão. Segundo ele, a empresa perdeu a credibilidade e a confiança da população, o que justificaria uma ação excepcional por parte do governo federal.

Nunes afirma ainda ter levado o tema diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um evento público na capital paulista. Segundo o relato, pediu apoio para uma solução federal e ouviu do presidente o compromisso de tratar do assunto com o ministro responsável pela área.

https://twitter.com/damottaff/status/1999790533539963362?s=20

A Enel, por sua vez, tem atribuído parte dos problemas a fatores climáticos e à queda de árvores sobre a rede elétrica. O prefeito rebate esse argumento e afirma que apenas cerca de 10% das ocorrências estariam relacionadas à poda e à vegetação urbana, minimizando a responsabilidade do município e reforçando a tese de falhas estruturais na gestão da concessão.

A crise também expõe uma convergência política rara entre Nunes, do MDB, e Tarcísio, do Republicanos, que passaram a atuar de forma coordenada na pressão sobre Brasília. Ambos enxergam na deterioração do serviço um desgaste direto para a administração estadual e municipal, além de um flanco político sensível para o governo Lula em um ano de disputas eleitorais e rearranjos no setor de infraestrutura.

Concessão da ENEL
A concessão da Enel em São Paulo é considerada uma das mais estratégicas do país, tanto pelo número de consumidores quanto pelo peso econômico da região atendida. Nos bastidores, a discussão envolve interesses empresariais, regulação federal e o temor de precedentes que possam afetar outras concessões de energia. A resistência do governo federal em decretar a caducidade contrasta com a pressão política local e expõe um conflito entre estabilidade contratual e resposta a falhas reiteradas no serviço essencial.

Responsabilidade do Governo do Estado de São Paulo
Embora a pressão pela intervenção recaia sobre o governo federal, a crise no fornecimento de energia também expõe a responsabilidade do governo estadual. Cabe ao Executivo paulista atuar de forma integrada na fiscalização dos impactos regionais da concessão, na coordenação da Defesa Civil em episódios de apagões prolongados e na cobrança institucional por planos de contingência e investimentos da concessionária.

Nos bastidores, aliados do próprio Palácio dos Bandeirantes reconhecem que a escalada do problema coloca Tarcísio de Freitas sob cobrança direta da população, já que falhas reiteradas no serviço afetam mobilidade, segurança e atividade econômica em todo o estado, ampliando o custo político da crise para o governo paulista.

A concessão que hoje está nas mãos da Enel tem origem na privatização da Eletropaulo, realizada em 1998.

Naquele ano, durante o governo federal de Fernando Henrique Cardoso e o governo estadual de Mário Covas, a Eletropaulo Metropolitana foi privatizada e concedida ao setor privado por meio de leilão. A empresa vencedora passou a operar a distribuição de energia elétrica na Região Metropolitana de São Paulo por contrato de concessão federal, regulado pela Aneel.

A Enel só assumiu o controle anos depois. Em 2018, o grupo italiano Enel comprou o controle da então Eletropaulo, herdando o contrato de concessão firmado na privatização da década de 1990, com validade até 2028.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

Celulares voam pela janela em operação contra deputado Antonio Doido do MDB

PF investiga desvio de emendas e lavagem de dinheiro...

Desembargador do TRF-2 é preso por suspeita de vazar operação da PF

Investigação aponta elo entre magistrado, cúpula da Alerj e...

Moraes pede extradição de Ramagem dos EUA foragido pelo com ajuda de garimpeiro

Deputado condenado por trama golpista vive nos EUA enquanto...

Planalto endurece discurso e condiciona liberação de emendas a corte de benefícios fiscais

Base aposta em atalho regimental para garantir R$ 20...
Jornal Local
Política de Privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor no Brasil. Além de definir regras e deveres para quem usa dados pessoais, a LGPD também provê novos direitos para você, titular de dados pessoais.

O Blog Jornalocal tem o compromisso com a transparência, a privacidade e a segurança dos dados de seus clientes durante todo o processo de interação com nosso site.

Os dados cadastrais dos clientes não são divulgados para terceiros, exceto quando necessários para o processo de entrega, para cobrança ou participação em promoções solicitadas pelos clientes. Seus dados pessoais são peça fundamental para que o pedido chegue em segurança na sua casa, de acordo com o prazo de entrega estipulado.

O Blog Jornalocal usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Confira nossa política de privacidade: https://jornalocal.com.br/termos/#privacidade