Ministro afirma que encontros com o BC trataram apenas de sanções dos EUA, mas conteúdo das conversas permanece sem comprovação pública
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que as reuniões mantidas com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tiveram como único objetivo tratar dos efeitos da Lei Magnitsky, aplicada pelo governo dos Estados Unidos contra ele e familiares. A declaração foi feita após a divulgação de relatos jornalísticos que associaram esses encontros a uma suposta atuação do magistrado para favorecer a aprovação da compra do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília, operação que acabou não se concretizando.
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É fato que as reuniões ocorreram e que elas se deram em período anterior à decisão do Banco Central que decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, no mês passado. Também é confirmado que, naquele momento, a instituição ainda estava sob análise do regulador e que havia discussões sobre alternativas para sua continuidade. No entanto, até agora, não vieram a público documentos, registros de agenda detalhados, atas, mensagens ou qualquer outro elemento material que comprove que nesses encontros houve defesa, pressão ou interferência relacionada à operação envolvendo o banco.

Após a liquidação, a investigação levou à prisão preventiva do banqueiro Daniel Vorcaro, um dos sócios do Master, que posteriormente obteve habeas corpus e passou a responder em liberdade. O episódio ganhou nova dimensão com a informação de que um escritório de advocacia ligado à família de Moraes havia prestado serviços ao banco antes da intervenção, conexão que ampliou o escrutínio público sobre a atuação institucional do ministro.
Moraes sustenta que, além do presidente do Banco Central, reuniu-se com representantes de diversas instituições financeiras e entidades do setor para discutir exclusivamente as consequências práticas das sanções internacionais, especialmente no que diz respeito à manutenção de contas bancárias, cartões e operações financeiras. O próprio Banco Central confirmou que as reuniões trataram dos efeitos da Lei Magnitsky, reforçando a versão de que não houve discussão sobre processos regulatórios específicos.
As sanções impostas pelos Estados Unidos atingiram Moraes, sua esposa e uma empresa ligada à família, em um contexto de tensionamento político internacional, e foram retiradas dias depois. A proximidade temporal entre a revogação das sanções, a liquidação do banco e a divulgação dos relatos jornalísticos alimentou especulações, mas não resultou, até o momento, em comprovação objetiva de irregularidade.
Imprensa tenta desviar o foco e mira Moraes
O que existe, até agora, é o seguinte quadro factual:
– Há a confirmação de reuniões entre Alexandre de Moraes e o presidente do Banco Central, mas o conteúdo declarado oficialmente por ambos foi o debate sobre os efeitos da Lei Magnitsky.
– Não há comprovação pública de que nesses encontros tenha sido defendida, negociada ou influenciada a aprovação da compra do Banco Master pelo BRB.
– Também não há registro oficial ou prova documental tornada pública sobre ligações telefônicas com esse objetivo específico.
– A narrativa de possível interferência baseia-se em relatos jornalísticos e interpretações do contexto, não em evidências materiais apresentadas até o momento.
Do ponto de vista jornalístico e investigativo, o correto é afirmar que os encontros existiram, mas o teor exato permanece em disputa, com versões conflitantes entre o que foi divulgado e o que foi oficialmente negado. Qualquer afirmação além disso exigiria documentos, registros de agenda, mensagens, atas ou depoimentos que ainda não vieram a público.




