O que já era ruim vai ficar ainda pior, diz moradores sem água há quase 7 dias
O aumento de até 60% no consumo de água em algumas regiões do estado de São Paulo, impulsionado pela onda de calor da última semana, levou o governo paulista a reforçar o alerta sobre a necessidade de economia. A elevação do uso ocorre em meio à queda das chuvas e estiagem prolongada, cenário que afeta diretamente a capacidade de armazenamento das represas responsáveis pelo abastecimento da Região Metropolitana.
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Os mananciais operam com volumes reduzidos e, no Sistema Cantareira, o nível já está próximo da marca considerada crítica, abaixo dos 20%. A precipitação na região segue insuficiente para recompor os reservatórios: em novembro, foram registrados 108,1 milímetros de chuva, contra uma média histórica de 150,6 milímetros para o período.

A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, afirmou que o uso consciente precisa ser adotado como rotina durante o período de escassez severa. Em resposta ao cenário, a Sabesp intensificou o envio de caminhões-pipa para áreas específicas e mantém, desde agosto, a redução noturna da pressão nas tubulações, medida autorizada pela Arsesp para preservar o volume dos reservatórios.
Em bairros da capital e de cidades da Grande São Paulo, moradores relatam interrupções frequentes e baixa pressão nas torneiras. Em algumas residências, o abastecimento retorna com água turva, descrita como “borrenta”, o que tem gerado reclamações e pedidos de esclarecimento. Em locais mais afetados pela diminuição da pressão, a rotina de banho, preparo de alimentos e limpeza doméstica tem sido comprometida.
A Sabesp informou que monitora o impacto das medidas e que os casos de água turva estão relacionados à oscilação na rede provocada pelas manobras. A companhia orienta que, ao perceber alteração na coloração da água, moradores deixem correr por alguns minutos e acionem os canais de atendimento para registro. Não há previsão de racionamento oficial, mas o governo admite que o cenário pode alterar protocolos caso o regime de chuvas não se normalize.
Reclamações e falhas no atendimento da Sabesp
Moradores de diferentes bairros da capital e da Grande São Paulo relatam um padrão recorrente de falhas no serviço prestado pela Sabesp, com interrupções prolongadas, baixa pressão e retorno de água com coloração turva. Em áreas mais afetadas pela redução noturna da pressão, o fornecimento some sem aviso prévio, dificultando atividades básicas e forçando famílias a armazenar água como medida de emergência.
As queixas incluem demora nas respostas dos canais de atendimento, protocolos encerrados sem solução e falta de previsibilidade sobre a normalização do abastecimento. Em condomínios e casas localizadas em pontos mais altos, caixas d’água não enchem e moradores afirmam que a situação persiste há semanas. A sensação de insegurança hídrica se intensifica diante do cenário de estiagem, ampliando a cobrança por transparência e planejamento da companhia, acusada por usuários de operar com respostas paliativas e comunicação insuficiente sobre a real extensão dos problemas.




