Parte das fotos que circulam em grupos bolsonaristas, usadas como suposto registro recente, são de internações anteriores, diz hospital
A internação de Jair Bolsonaro no hospital DF Star, em Brasília, para cirurgia de correção de duas hérnias inguinais, segue marcada por tensão entre o entorno do ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal. Autorizada a acompanhá-lo, Michelle Bolsonaro foi proibida de usar dispositivos eletrônicos, medida imposta por Alexandre de Moraes para evitar transmissões, registros e contato digital de dentro do hospital. Apesar disso, a ex-primeira-dama compartilha conteúdo nas redes, sugerindo acesso a telefone celular.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
Publicações nos stories do Instagram mostram mensagens sobre o estado clínico, agradecimentos à equipe médica e imagens que aparentam ter sido feitas em áreas internas do hospital, inclusive no centro cirúrgico. Parte das fotos que circulam em grupos bolsonaristas, usadas como suposto registro recente, são de internações anteriores. A equipe hospitalar confirmou que ao menos uma delas não é atual. Após a repercussão, aliados como o senador Marcos Pontes reproduziram as imagens sem checagem prévia sobre a data.

A decisão de Moraes determina que a Polícia Federal impeça o ingresso de celulares, computadores e aparelhos similares no quarto e monitore o cumprimento da medida. Mesmo assim, integrantes da família afirmam que o monitoramento seria “intimidatório”. Carlos Bolsonaro relata que até relógios foram barrados e acusa “policiamento excessivo” no ambiente hospitalar. A defesa tenta, paralelamente, afastar o ex-presidente da custódia na Superintendência da PF, argumento reforçado após a cirurgia.
Bolsonaro segue internado desde a véspera do Natal e o boletim médico indica acompanhamento pós-operatório com previsão de ajustes para o controle de crises de soluço, potencialmente demandando nova intervenção. A operação, autorizada em decisão individual, ocorre no contexto de condenação por participação em trama para subverter o Estado Democrático de Direito, o que impediu o acesso a indulto de fim de ano.
Consequências de descumprimento das regas
Se a prática continuar, a conduta pode ser enquadrada como descumprimento de ordem judicial e gerar novas medidas coercitivas. A primeira consequência costuma ser o reforço das restrições já impostas, com endurecimento das condições de permanência no hospital ou limitação de visitas. Em casos reiterados, o ministro responsável pode aplicar multa diária, determinar apreensão de aparelhos e até suspender o direito de acompanhamento familiar no quarto.
O descumprimento pode ainda resultar na abertura de procedimento por desobediência, previsto no Código Penal, com responsabilização individual de quem utilizou o aparelho ou facilitou o acesso. Para Bolsonaro, o episódio pode ser incorporado aos autos da execução penal como agravante de conduta, influenciando decisões sobre benefícios ou futuras solicitações da defesa. Michelle e familiares, se identificados como autores diretos das violações, podem ser intimados a prestar esclarecimentos e virar alvo de investigação autônoma por obstrução ou embaraço ao cumprimento de medida judicial.
Em situações extremas, a Justiça pode reverter autorizações concedidas, como a permanência hospitalar fora de unidade prisional ou a visitação sob condições especiais, caso conclua que as permissões estão sendo usadas para burlar o controle imposto pela decisão.




