11º CULTURA INGLESA FESTIVAL MOVIMENTA EM MAIO
O CIRCUITO CULTURAL DE 22 CIDADES PAULISTAS
O festival leva a Campinas três curtas-metragens em Cinema Digital, dentre os quais “Saliva”, de Esmir Filho, selecionado para a Semana Internacional da Crítica do Festival de Cannes 2007.
Ao chegar à sua 11º edição, o Cultura Inglesa Festival agita o circuito cultural do País entre 8 e 28 de maio com a apresentação de 15 atrações nas áreas de teatro adulto e infantil, dança, exposições e filmes em Cinema Digital. O festival englobará 22 cidades nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e será assistido por mais de mil alunos da rede de ensino público, em espaços culturais da Cultura Inglesa.
Em Campinas, o festival exibirá três curtas-metragem em Cinema Digital, de 10 a 19 de maio, no Espaço Cultura Inglesa – Campinas. Em comum, os filmes “Saltos” (Gregório Graziosi), “Saliva” (Esmir Filho) e “Perto de Qualquer Lugar” (Mariana Bastos) lançam um olhar criativo e revelador sobre as descobertas, angústias, dúvidas, expectativas e frustrações da adolescência.
“Saliva” será exibido na Semana Internacional da Crítica do Festival Internacional de Cannes, a ser realizado de 16 a 27 de maio, na França. A programação do Festival de Cannes incluirá ainda “Saba”, primeiro filme de Gregório Graziosi.
A exemplo de “Perto de Qualquer Lugar”, “Saliva” fala da descoberta do contato físico e emocional. Em 2006, Esmir e Mariana Bastos fizeram a direção e co-direção do curta “Alguma Coisa Assim”, que foi produzido para o Cultura Inglesa Festival e ganhou prêmio de melhor roteiro do Festival Internacional de Cannes e melhor filme nos festivais de cinema em Kiev (Ucrânia), Biarritz e Gramado, onde levou também o prêmio de melhor direção. O filme recebeu ainda troféu de melhor curta brasileiro de 2006, concedido pelo Itamaraty.
Junto com Rafael Gomes (diretor do curta “Tudo O Que é Sólido Pode Derreter”, produzido para o 9o Cultura Inglesa Festival), Esmir e Mariana assinaram a direção de outro sucesso: o vídeo “Tapa na Pantera”, que foi acessado por mais de 4,5 milhões de pessoas apenas no site You Tube, transformando-se num fenômeno na internet. O filme protagonizado por Maria Alice Vergueiro ganhou o prêmio destaque do júri no Gramado Cine Vídeo de 2006.
Em “Saltos”, Gregório Graziosi revela a angústia de um jovem atleta de saltos ornamentais que, às vésperas de uma importante competição, começa a perder a audição. Este é o segundo curta do diretor, que estreou com “Saba”. Antes, o curta ganhou prêmios de melhor documentário no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, melhor vídeo no Vitória Cine Vídeo e no Festival de Atibaia, destaque do Curta-o-Curta no Festival Brasileiro de Cinema Universitário e menção especial no Milano Film Festival.
SERVIÇO
De 16 a 26 de maio, os curtas serão exibidos juntos nos seguintes horários: 10/05 – quinta-feira (às 14h30; 16h30 e 19h); 12/05 – sábado (às 10h30); 14/05 – segunda-feira (às 14h30; 16h30 e 19h); 18/05 – sexta-feira (às 14h30 e 16h30); 19/05 – sábado (às 14h30). A Cultura Inglesa de Campinas Rua Dr. Antonio da Costa Carvalho, 480 (esquina R. Vieira Bueno) Cambuí. O Espaço Cultura Inglesa – Campinas tem 80 lugares, ar-condicionado, acesso para deficientes físicos, estacionamento. Informações fone: 19 32558656 ou pelo site www.culturainglesasp.com.br/festival. Entrada franca. Idade: 14 anos.
“SALIVA”
Livremente inspirado no conto “There´s a Lot of Room”, de Eva Salzman, o curta “Saliva” transporta para a cidade de São Paulo as expectativas vividas pela menina Marina, de 12 anos, frente ao primeiro beijo. O diretor e roteirista Esmir Filho decidiu explorar o tema, porque suas últimas obras vêm abordando as experiências angustiantes da adolescência.
“O primeiro beijo é um momento crucial na vida de um adolescente”, pondera. A vontade de viver esta experiência vem acompanhada do medo de não saber o que fazer quando o momento chegar e, às vezes, do temor do contato físico. Por isso, desperta tanta curiosidade entre os jovens, que chegam a confabular histórias e criar expectativas para tornar este momento inesquecível.
Com Marina não podia ser diferente. Pressionada pela amiga, ela decide dar seu primeiro beijo em Gustavo. Porém, terá de passar por seu maior obstáculo: a repulsa à saliva. Quando chega o momento fatal, todos os conselhos, ensaios e aflições passam pela cabeça da menina. Ao mostrar este fluxo de idéias contraditórias, Esmir usa uma narrativa instigante, quase surrealista. “O filme tem uma linguagem onírica. As cenas se interligam pela similaridade, como o fluxo mental”, diz o diretor.
Esmir também lança mão de metáforas visuais para ressaltar a sensação da primeira troca de fluídos de um adolescente. Num certo momento, Marina é colhida pela chuva dentro de seu quarto. Noutro, mergulha num grande aquário. Sua imagem é constantemente refletida em espelhos e vitrines, ressaltando que só conhecerá o outro, quando olhar para dentro de si mesma.
Eva Salzman, autora cuja obra inspirou o diretor brasileiro, desenvolve uma prolífica carreira artística: escreve poesia, ficção, ensaios e óperas, reportagens e artigos para jornais e revistas, dá aulas de literatura, participa de récitas da BBC e de leituras ao vivo em encontros com leitores no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Europa. O conto “There’s a Lot of Room” integrou a coletânea “New Writing 10” (2001), antologia anual que, sob a chancela do British Council, publica o que há de mais instigante na atual produção literária do Reino Unido.
“Saliva” é o quarto curta-metragem em película de Esmir Filho, diretor do premiado “Alguma Coisa Assim” e co-diretor do vídeo “Tapa na Pantera”. Graduado em Cinema pela FAAP, dirigiu também videoclipes e trabalhos experimentais para a internet. Selecionado para o Festival de Gramado, seu filme “Ímpar Par” conquistou em 2005 prêmios de melhor filme do 35o Festival Internacional de Cinema de Kiev (Ucrânia) e do Festival de Cine Ibero-americano de Huelva (Espanha). Em 2004, “Ato II Cena 5” participou de 15 festivais no País e rendeu a Luciano Chirolli prêmio de melhor ator do 32o Festival de Gramado. Há dois anos, Esmir Filho dirige cinema, filmes publicitários e demais projetos audiovisuais para a Ioiô Filmes.
FICHA TÉCNICA – Produtora: IOIÔ Filmes ETC // Finalização: Teleimage // Direção: Esmir Filho // Roteiro: Esmir Filho // Produção Executiva: Lorenzo Giunta, Simoni de Mendonça.// Direção de Produção: Adipe Neto // Direção de Fotografia: Marcelo Trotta // Direção de Arte: Marcelo Escañuela // Montagem: Caroline Leone // Figurino: Andrea Simonetti // Maquiagem: Bos Toscano // Som Direto: Geraldo Ribeiro // Direção de Som e Mixagem: Martin Grignaschi // Assistente de Câmera: Rodrigo Carvalho // Assistente de Direção: Marcela Arantes // Elenco: Mayara Comunale, Gabriel Cavicchioli, Hellen Vasconcelos
“PERTO DE QUALQUER LUGAR”
Primeira mulher a dirigir um curta-metragem para o Cultura Inglesa Festival, Mariana Bastos aborda com uma visão feminina e extremamente delicada a primeira vez de uma garota no filme \”Perto de Qualquer Lugar\”. Livremente inspirado no conto \”Just Like a Young Girl Should\”, de Christina Koning, o roteiro foge do tradicional e imprime um tom realista à trajetória de Gabi, uma jovem de 18 anos.
Ao contrário do conto, a diretora não se restringe à primeira experiência, mas ao que acontece depois. \”É igualmente interessante à iniciação sexual, abordar as expectativas e reflexões que acontecem após esse momento de descobertas\”, explica Mariana. Na trama, Gabi se relaciona com Tom que, depois, se mostra interessado por outra pessoa. Neste momento, ganha força um outro personagem: Júlia, a amiga e confidente de Gabi.
\”Perto de Qualquer Lugar\” mistura um panorama realista através de um
olhar poético. Nos primeiros minutos, mantém um clima alegre e agitado, quase eufórico que com o desenrolar da trama assume um tom mais intimista, que procura esquadrinhar os sentimentos e emoções da garota.
O conto que inspirou a criação do roteiro, \”Just Like a Young Girl Should\”, foi publicado em 2002 na 11a edição do New Writing. A autora Christina Koning é romancista, contista, professora da Oxford University e escreve resenhas para o jornal The Times. Em 1999, conquistou o Encore
Prize com o romance \”Undiscovery Country\”. Dois anos depois, seu livro \”Fabulous Time\” lhe valeu uma bolsa de estudos, patrocinada pela Society of Authors, associação britânica de escritores profissionais fundada em 1884 para defender os direitos autorais dos criadores literários.
A carreira de Mariana Bastos ganhou grande impulso com dois trabalhos lançados em 2006: O filme \”Alguma Coisa Assim\” e o vídeo \”Tapa na Pantera\”. Aos 24 anos, é formada em Rádio e TV pela FAAP e hoje realiza diversos conteúdos audiovisuais por meio da produtora Ioiô Filmes.
Além disso, este ano finaliza ainda um novo curta metragem, \”Joker\”, captado em 16mm e prepara projetos voltados exclusivamente para a internet.
FICHA TÉCNICA – Direção: Mariana Bastos // Roteiro: Mariana Bastos // Produção Executiva: Lorenzo Giunta, Simoni de Mendonça // Direção de Produção: Adipe Neto // Direção de Fotografia: Claudio Leone // Direção de Arte: Beto Grimaldi // Figurino: Caia Guimarães // Maquiagem: Bob Toscano // Assistência de Direção: Tenille Chiste, Júlia Borst, Marcela Arantes // Elenco: Carol Abras, Renata Gaspar, Rafael Losso, Victor Ribeiro
“SALTOS”
Privilegiar a imagem e o som em lugar das palavras é a característica principal do filme “Saltos”, no qual o diretor Gregório Graziosi narra o dilema de William, um atleta de saltos ornamentais de 17 anos. Antes de um importante torneio, ele descobre ter um problema no aparelho auditivo. Se competir, colocará a saúde em risco. Se desistir, vai abandonar um sonho acalentado por anos de treinamento.
Entusiasta de cineastas como Sokurov e Lucrecia Martel, Gregório optou por um roteiro não-literário. \”São autores mais sensoriais, cujos filmes se aproximam mais da arte cinematográfica\”, diz o diretor. Em lugar das palavras, o filme explora o dilema de William por meio dos sentidos. Por exemplo, numa cena o público ouve um grande barulho provocado por um salto n’água. A mesma cena se repete, sob a perspectiva do atleta, só que sem som.
Com enquadramentos estáticos e bem compostos, a direção insere o espectador em momentos de reflexão e contemplação. O alongamento do corpo, a concentração do atleta na plataforma, a hora de observação e reflexão espacial respeitam o tempo interno de William, ressaltando momentos íntimos do personagem, usualmente não vistos. A estética do filme também é ousada, porque promove a interseção entre cinema, fotografia, artes plásticas e arquitetura.
Para criar “Saltos”, Gregório inspirou-se livremente no poema “The Spire Cranes” (“A Cúpula se Eleva”), no qual o britânico Dylan Thomas (1914-1953) explora o poder imagético das palavras e a sonoridade da língua inglesa. Rebelde, boêmio e irreverente, Thomas foi reconhecido pela crítica aos 20 anos, com seu livro de estréia “18 Poems”. Influenciou os escritores norte-americanos da beat generation e artistas como Bob Dylan, consagrando-se como um dos gênios da poesia em língua inglesa do século 20 – ao lado de William Carlos Williams, Wallace Stevens, T.S. Eliot e W.B. Yeats.
Aos 23 anos, o paulistano Gregório Graziosi é formado em Artes Plásticas pela EPA – Panamericana Escola de Arte e Design e cursa o último ano de Cinema na FAAP. “Saba”, seu último curta-metragem feito em parceria com Thereza Menezes, integra a seleção de importantes festivais como o IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), o ZINEBI (International Festival of Documentary and Short Film of Bilbao), o Festival Cinéma du Réel de Paris e a 30° Mostra de Cinema de São Paulo. Atualmente prepara seus próximos filmes e desenvolve a série fotográfica “Incomunicabilidade”, realizada a partir do estudo da obra de Antonioni.
FICHA TÉCNICA – Direção e Fotografia: Gregorio Grasiosi // Assistência de Direção: José Menezes // Assistência de Câmara: Caroline Leone // Edição: Thereza Menezes // Produção: Ian Thomaz // Mixagem de Som: Martin Grignachi // Som Direto: Play it Again