Contatos, reuniões e pedidos explícitos de voto. Esta é a estratégia que o petista Marco Maia pretende manter até momentos antes da votação desta terça-feira, que vai eleger o novo presidente da Câmara.
Maia tem o apoio oficial de 21 dos 22 partidos com representação na Casa, mas disse que não abre mão de agir como se ainda não tivesse nenhum voto garantido. Na véspera da eleição, o candidato petista se reuniu com três bancadas partidárias e quatro grupos políticos, além de participar do evento de recepção aos deputados eleitos. Nos encontros com PMDB, PSB e PTB, ele reforçou o discurso em defesa do critério da proporcionalidade, pelo qual o maior partido, no caso o PT, tem o direito de indicar o novo presidente da Casa.
Marco Maia também frisou que o fortalecimento e o respeito do Parlamento serão conseguidos por meio da votação de uma pauta positiva, que inclua, por exemplo, as Reformas Política e Tributária e os projetos de combate às drogras e à pobreza.
“O que nós estamos tratando, neste momento, não é apenas uma questão corporativa. Nós não estamos aqui falando apenas de melhorar a condição de atuação dos nossos parlamentares. É verdade que ela é importante, mas também é verdade que a melhor forma de valorizar o Parlamento é fazer com que o Parlamento brasileiro possa, a partir do seu trabalho, melhorar e qualificar a vida do nosso povo. E isso só vai se dar se formos capazes de atuar de forma coletiva pelos interesses maiores da sociedade brasileira.”
Já com as bancadas feminina, ruralista, evangélica e de deputados da região Norte, Maia se comprometeu com interesses específicos dos parlamentares, como a discussão em torno de uma vaga permanente para as mulheres na Mesa Diretora da Câmara e a votação, até a primeira quinzena de março, do projeto de lei que altera o atual Código Florestal.
Maia conseguiu o apoio verbal em todos os encontros dos quais participou, nesta segunda-feira. Ele foi irônico ao comentar as últimas iniciativas do seu concorrente na disputa, o deputado Sandro Mabel, do PR goiano, que chegou a enviar um carta à presidente Dilma Rousseff para pedir o não contingenciamento das emendas parlamentares. Para Maia, a relação do Legislativo com os demais poderes deve ser pautada pelo diálogo firme e não ser feita por meio de cartas.
“Faremos isso de forma a demonstrar, na prática, qual é a força que tem o Parlamento brasileiro. Não vai ser mandando carta, não. Porque quem manda carta não tem força. A nossa força, nós vamos mostrá-la no Plenário da Câmara dos Deputados e com o poder do nosso voto. Essa é a força do Parlamento e vamos fazer isso de forma dialogada, de forma republicana.”
Quanto à promessa de Mabel de apressar a construção do Anexo 5 da Câmara, Maia afirmou que essa é uma questão administrativa que já se encontra bem encaminhada, inclusive em relação a algumas licitações. Marco Maia é gaúcho de Canoas, tem 45 anos, foi dirigente sindical e inicia o quarto mandato consecutivo como deputado nesta terça-feira. Na Câmara, foi o relator da CPI da Crise Aérea e ocupou, nos últimos dois anos, a vice-presidência e a presidência da Casa.