Sou do tempo que o Hino Nacional Brasileiro era executado antes do início das aulas escolares. Tirando os aspectos políticos daquela época, que não estão em julgamento aqui, recordo e até com saudade do espírito cívico que tomava conta de todos. Os alunos sabiam decor e salteado a letra do Hino e ao ouvi-lo ficavam em posição de respeito.
Hoje tenho ficado muito irritado pela forma com que o Hino Nacional tem sido tratado neste Campeonato Brasileiro. Para cumprimento da Lei Estadual que obriga a execução do mesmo nos estádios em dia de jogos, nosso Hino tem sido exposto ao mais profundo desrespeito patriótico. Antes ele era executado com os jogadores perfilados. A imprensa paralisava momentaneamente o trabalho para reverenciar mais um ato de civismo. O público se levantava e alguns até se arriscavam a colocar a mão direita no coração enfrentando olhares, por vezes, irônicos de outros. Ao final, fugindo ao cerimonial, todos aplaudiam. O aplauso, nos estádios de futebol ao Hino Brasileiro, é tão bonito que já faz parte de sua melodia.
Hoje ele é executado sem que ninguém esteja esperando. Consta que a Televisão estava reclamando que a grade atrasava por causa do Hino e por isso, atendendo a pedidos a Federação Paulista teria determinado que nosso Hino fosse tocado cerca de 20 minutos antes das partidas.
De repente voce é surpreendido pelos acordes do Hino. Os jogadores continuam fazendo o aquecimento como se no autofalante do estádio se ouvisse axé, samba, roque ou qualquer outro som que não o nosso Hino. Alguns se levantam, outros continuam comendo pipoca, muitos ficam indiferentes, a imprensa segue trabalhando e todos assistem caladamente a este péssimo exemplo de civismo. Da vergonha! Nosso Hino está banalizado! Não sei ouví-lo desta forma. Ele ainda mexe comigo e me arrepia.
Perdoe-nos, querida Pátria amada, Brasil.
Alberto Cesar
Coitado do nosso Hino
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