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quinta-feira, novembro 21, 2024

As diversas faces do Iraque

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O Iraque é palco de várias disputas. O controle do petróleo é apenas uma delas, e nem mesmo a mais importante nesse momento. A equação global de oferta-demanda-reservas de petróleo está relativamente equilibrada, com sua cotação mantendo-se abaixo dos U$60 por barril, muito a contragosto do Sr. Chaves. A disputa pela presidência dos EUA, embora ainda um pouco longe no tempo, também está em jogo nos 20.000 soldados americanos que Bush pretende enviar para estabilizar aquele país. Essa é uma cartada importante. Ninquém quer afirmar que os EUA estão, de fato, perdendo a guerra; afinal, se desejarem, eles podem simplesmente varrer o Iraque do mapa. Há duvidas acadêmicas se estamos vendo a reprise do Vietnã, mas não há dúvidas que os EUA estão mergulhados em um terrível atoleiro! E as tenebrosas imagens do enforcamento de Sadan não ajudaram nem na construção da paz nem na criação de uma moldura ético-humana que alivie o pragmatismo violento da Pax Americana. A estratégia america!
na para o Iraque é uma disputa importante, mas por baixo dela há ainda outra, iqualmente complicada, não tão violenta, mas certamente muito mais cara: o redesenho das Forças Armadas dos EUA.
As forças armadas americanas, com sede e comando no Pentágono, controlam mais de 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo. Se somarmos os aposentados, pensionistas e contratados, esse número sobe para mais de 8,7 milhões, a um custo anual de U$ 416 bilhões! São milhares de tanques, aviões, submarinos, mísseis e 15 milhões de computadores pessoais registrados no inventário das Forças Armadas dos EUA. Mais de 2.300 sistemas computacionais integrados são necessários para gerenciar somente os processos de compras, orçamento, logistica e pessoal. A somente a modernização dos sistemas gerenciais, imprescindível para dentro de no máximo 3 anos, está orçada em U$ 4.8 bilhões. A manutenção preventiva das máquinas de guerra – isso é, com elas paradas nas bases, sem combater, custa anualmente mais de U$ 14 bilhões. Não há grandes exageros ou erros ao se afirmar que o Pentágono é uma estrutura mais complexa, mais complicada, mais cara e mais sofisticada que toda a burocracia governalmenta!
l brasileira. Dolorosa realidade, pouco conhecida!
O que também está em jogo no Iraque, por baixo do véu da diplomacia, é uma violenta disputa nos bastidores pelo redesenho de toda essa enorme maquina de guerra e sua burocracia de apoio. Quem ganhar vai definir o escopo e conceito de contratos multibilionários para novas aernoves, navios, tanques, mísseis, sistemas de armas, computadores. Os americanos chamam a esse redesenho de Defense Transformation – Transformação da Defesa. O Secretário Runsfeld apostava que os interesses globais americanos poderiam ser mantidos por uma força profissional, compacta, de altissima densidade tecnológica, interligada em uma arquitetura de redes computacionais e organizacionais chamada Network Centric Warfare – Guerra Centrada em Redes. Essa força seria capaz de enfrentar simultaneamente dois adversários de alto poder de combate em quaisquer dois locais distintos no globo e, ao mesmo tempo, enfrentar pelo menos duas situações de crise também simultaneamente e, fazer tudo isso a um custo menor!
do que as forças não transformadas que ele tinha herdado da era Clinton.
Logo que assumiu a direção do Pentágono, Runsfeld levou o Comandante do Exército dos EUA a demitir-se por discordar do planejamento para a guerra do Iraque. Ele calculava que seria necessário, pelo menos, o dobro de homens que estava sendo planejado. Runsfeld caiu no final do ano passado. Tinha muitos inimigos. Mas ninguém aqui em Washington pensa em voltar a traz. A Transformação da Defesa é um caminho de mão única. Discute-se ajustes, estratégias de adaptação, mudanças marginas de doutrina, mas tudo sob uma firme convicção de que a tecnologia da informação chegou para ficar na guerra moderna. Os investimentos em novas armas são absolutamente fantásticos, os contratos estão em andamento. O Iraque é apenas um campo de provas.

Salvador Raza
Analista Internacional

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