Em um país onde o ingresso na universidade para jovens de baixa renda é quase impossível e o governo enfrenta protestos de setores da sociedade contrários a programas de inclusão educacional como o ProUni, uma instituição de ensino de São Paulo mostra que o sonho de uma escola socialmente democrática é possível. Há quatro anos, o Instituto Singularidades aposta em uma parceria com órgãos públicos e o Terceiro Setor para oferecer ensino de qualidade a alunos de todas as classes sociais.
O programa começou em 2001 e é exemplo de inclusão democrática. Através das parcerias que garantem bolsas aos estudantes carentes, o Instituto Singularidades – instituição particular que oferece o curso Normal Superior e forma docentes das principais escolas de São Paulo – conseguiu em suas salas de aula o que o Governo Federal tanto almeja com o polêmico sistema de cotas – uma escola plural, com alunos de diferentes classes sociais e onde 60% deles são negros. Todos têm a mesma meta: concluir o curso universitário e tornar-se professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental.
Dentro da mesma sala de aula, convivem professores de escolas renomadas, líderes comunitários, recreacionistas de creches da periferia. Todos foram aprovados no mesmo processo de seleção.Segundo Gisela Wajskop, Doutora em Metodologia de Ensino e Educação Comparada e diretora do Singularidades, “a grande diferença do sistema adotado aqui é que o aluno não entra graças a uma cota, mas sim por mérito”.
Ela conta que, no início do curso, a diferença entre as classes é evidente, por isto, o grande objetivo no primeiro ano de aula é trabalhar a auto-estima dos alunos, garantir que todos eles se sintam parte do grupo. Para isto, o Instituto oferece aulas de teatro, dança, artes, música, movimento e expressão corporal para que seus alunos possam refletir sobre teorias e preconceitos que foram elaborando ao longo da vida. Os alunos também contam com acompanhamento pedagógico e plantões individuais de professores para aqueles que tenham alguma dificuldade nas disciplinas.
Emprego para todos
No ano passado, o Instituto comemorou a formatura da primeira turma do Normal Superior, todos já empregados em alguma escola. “Esta turma-piloto mostrou que é possível a inserção profissional do aluno, deu credibilidade à nossa proposta. Todos eles estão aptos agora para lidar com as exigências do segmento de Educação Infantil e Fundamental” garante Gisela.
Graças à experiência positiva que tem na formação destas turmas ‘plurais’, o Singularidades tornou-se referência no meio educacional por abrigar a diversidade e recebe um grande número de alunos, que buscam sua primeira formação superior, encaminhados por instituições do terceiro setor. “Temos um enorme prazer em contribuir para a formação desses jovens. Damos a eles o que melhor sabemos fazer: formar educadores com seriedade e qualidade”, completa Gisela.
Entre os parceiros do Instituto Singularidades estão a Unesco, Governo de São Paulo, USP, a Prefeitura de São Paulo, a Ong Obra do Berço e o ICE – Instituto de Cidadania Empresarial.
Faculdade teve êxito na inclusão por mérito. 60% dos alunos são negros
Data: