Um século após ser inventado, o plástico está assumindo o papel de vilão. O material revolucionou a indústria em 1907, quando foi descoberto o processo de polimerização pelo químico americano Leo Baekeland, que aperfeiçoou outras invenções e produziu o primeiro material plástico de maneira sintética a partir de compostos do petróleo, carvão e gás natural.
Apesar da utilidade irrefutável, a natureza vem sofrendo com a mentalidade de “usar e descartar”, já que são jogados fora, todos os anos, cerca de 4 milhões de toneladas de plástico somente no Brasil. O planeta Terra precisa de aproximadamente cem anos para absorver o plástico. Somente agora as primeiras amostras do Dr. Baekeland estão sendo incorporadas à natureza.
Para minimizar esse impacto, a reciclagem é uma medida eficiente e importante. No Brasil, porém, é reciclado somente 16,5% de todo o plástico utilizado, segundo a Associação Brasileira de Embalagens.
Em vista disso, pesquisadores de diferentes universidades estão realizando estudos e descobrindo alternativas. A mais recente delas saiu do Laboratório de Engenharia de Alimentos da Escola Politécnica da USP, resultado do pós-doutorado da engenheira química Cynthia Ditchfield.
A engenheira produziu um novo tipo de plástico biodegradável, ou seja, rapidamente absorvido pelo meio ambiente, derivado do amido de mandioca e outros açúcares. Projetado para embalar alimentos, o material é comestível, tem propriedades antibacterianas e pode indicar o estado de conservação através de mudança de cor.
“Utilizamos o amido de mandioca com a intenção de agregar valor, já que o Brasil é o segundo maior produtor mundial, e adicionamos produtos como cravo e canela, que são antimicrobianos naturais. O resultado é um aumento da vida útil do produto na prateleira”, afirmou a pesquisadora. Outras fontes naturais utilizadas, como repolho, uva e cereja, permitem ao produto mudar de cor de acordo com o índice de acidez do alimento. Para a utilização doméstica e em larga escala, ainda faltam testes que estabeleçam o método de produção industrial e o preço aproximado do novo plástico.
Outro “vilão” plástico bastante conhecido são as garrafas PET (Poli Tereftalato de Etila). Em seu caso, a reciclagem é mais abrangente, pois o Brasil reutiliza cerca de metade da produção. O problema é que a Terra gasta, para decompor esse tipo de plástico, cerca de 500 anos.
Mas pesquisadores das Universidades Univille (de Santa Catarina) e da PUC do Rio Grande do Sul lançaram uma luz sobre a questão. Em testes iniciais, os cientistas conseguiram produzir um plástico a partir das garrafas PET que se degrada em apenas 45 dias. Se confirmado, será um recorde mundial. “A rapidez da ação foi uma surpresa para nós” afirmou a pesquisadora Delne Domingos da Silva.
Cem anos do plástico: alternativas
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