O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), um dos seis “braços” de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, comemora nesta sexta-feira (29 de junho) seus 120 anos de existência, completados na última quarta. A sessão solene será realizada a partir das 16 horas, na sua sede (avenida Barão de Itapura, 1.481), e contará com a presença de autoridades como o prefeito da cidade, Hélio da Costa Santos, o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima, o ex-ministro da Agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, e o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, João Sampaio.
O evento contará com uma homenagem aos antigos diretores do IAC, representados por Popilio Angelo Cavaleri, e com a entrega do Prêmio IAC, que desde 1994 destaca a importância de grandes nomes do agronegócio e do corpo institucional do instituto. Neste ano, receberão a honraria o pesquisador Geraldo José Arrivaben, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta Citros), João de Deus Santos, do Centro de Engenharia e Automação (categoria “apoio administrativo”) e Marcelo Bento Paes de Camargo, PhD em agrometeorologia (“pesquisador científico”).
O cafeicultor José Peres Romero recebe o prêmio na categoria “produtor rural”, enquanto o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sílvio Crestana, será destacado como “personalidade do agronegócio”, o secretário de Meio Ambiente do Estado, Francisco Graziano, como “político ligado ao agronegócio” e Ernesto Paterniani na categoria “amigos do IAC”, pela sua contribuição na formação dos pesquisadores na área de genética e melhoramento de plantas.
Na ocasião, o diretor-geral do IAC, Orlando Melo de Castro, receberá do ex-ministro Luis Carlos Guedes Pinto os relatórios de primeiro diretor-geral do instituto, Franz Dafert, que estavam na biblioteca do Ministério da Agricultura. O material descreve a então “Imperial Estação Agronômica de Campinas” ao ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Rodrigo Augusto da Silva, mostrando a ampla biodiversidade tropical observada à época e a condição da estação em resolver os problemas que surgiam no setor.
Novas variedades – Uma das principais atividades do IAC é o estudo de novas variedades de plantas, que são subdivisões dentro de cada espécie, mais resistentes a doenças e mais produtivas. Três já foram lançadas neste ano – uma de mamona, outra de arroz arbório e a terceira de milho pipoca. Até o final de 2007, mais 17 estarão disponíveis: três de cana-de-açúcar, seis de feijão, duas de trigo, uma de algodão, uma de maracujá-roxo, duas de pera, uma de pêssego e uma de nectarina. Em toda a sua história, já saíram dos laboratórios e campos do IAC cerca de 750 novas variedades, de 66 espécies das mais diversas cadeias produtivas do agronegócio paulista e brasileiro.
Integram as descobertas do instituto quatro novas variedades de cana-de-açúcar com vocação regional, adaptadas a ambientes específicos de regiões de São Paulo, de Goiás e Minas Gerais, fruto de um trabalho de dez anos, concluído há três. Também ganha destaque uma nova variedade de arroz preto tipo exótico – a IAC 600 – a primeira desenvolvida para o cultivo em São Paulo que abrirá portas num lucrativo nicho de mercado interno, que por enquanto consome o produto importado, especialmente devido ao seu aspecto de alimento funcional.
História e missão – Desde que foi fundado pelo imperador Dom Pedro II, em 1887, o IAC atua para levar qualidade à mesa do consumidor, preços melhores, aumentar a renda do produtor rural, trazer competitividade ao agronegócio brasileiro e desenvolver inteligência nesse setor, contribuindo para a pesquisa científica e tecnológica de modo abrangente. O desenvolvimento socioeconômico, com sustentabilidade ambiental, pauta as atividades dos seus 563 profissionais, 208 deles, pesquisadores.
O IAC contempla estudos de diversas culturas, estando presente até em peças de vestuário e outros segmentos industriais. Transfere tecnologia por meio de contato direto com o setor produtivo e pelas suas publicações técnicas (neste ano, serão duas novas publicações).
Genoma – O instituto ganha destaque ainda maior devido às suas pesquisas de genoma. Em 2004, por exemplo, foi concluída uma pesquisa sobre o mapeamento genético dos citros, que ficou sob sua coordenação e constitui o maior banco de informações sobre citros do mundo. Nesse ano, o mesmo foi feito com o café arábica, responsável por cerca de 80% da produção nacional do produto. Aproximadamente 90% de todos os pés plantados no País atualmente são oriundos de variedades IAC. Dentre elas, destaque para o café naturalmente descafeinado.
Outras contribuições – O Programa de Seringueira do IAC permitiu que São Paulo se tornasse o maior produtor brasileiro de borracha natural, levando aos produtores variedades adaptadas às diversas regiões e a melhor forma de plantio e manejo. O famoso feijão carioca “nasceu” no IAC, a uva que hoje é vendida o ano todo – não mais somente no final dele, as frutas de caroço, especialmente pêssego e nectarina, que tiveram seus cultivos em São Paulo viabilizados pelas pesquisas do instituto, a tecnologia do milho safrinha, que possibilita a produção em duas safras e indiretamente reduz o custo de produção do frango.
O IAC também administra uma rede de cerca de cem estações para coleta e armazenamento das variáveis meteorológicas no Estado. Elas coletam dados sobre temperatura, umidade do ar, precipitação pluvial, vento, radiação solar, temperatura e fluxo de calor e umidade do solo, e estão sendo informatizadas, aprimorando ainda mais a precisão do trabalho. Esse serviço contribui para melhor desempenho do campo, redução dos custos de produção e preservação ambiental. Ainda nessa área de atuação, desde 2005 o IAC disponibiliza o Infoseca, que é um sistema de captação e transferência de informações sobre seca que permite antecipar riscos para a agricultura.