Em depoimento aos deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (29), a delegada de crimes funcionais da Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Cíntia Maria Quaggio, afirmou que, até o momento, já identificou 92 policiais, entre investigadores, peritos e administrativos, suspeitos de participação no suposto esquema de propinas pagas às delegacias de São Paulo para acobertar o funcionamento de máquinas caça-níqueis.
Segundo Quaggio, as investigações chegaram a 450 cadastros telefônicos conseguidos a partir da apreensão de documentos do advogado de donos de bingos e de máquinas caça-níqueis, Jamil Chokr. “Dessa quantidade de telefones identificamos, até agora, esses 92 suspeitos”, explicou. Ainda de acordo com a delegada, muitos desses suspeitos já possuem antecedentes criminais e a corregedoria está aguardando o relatório da quebra de sigilo fiscal, telefônico e bancários dos envolvidos para cruzar informações dos envolvidos.
Na avaliação da delegada, ainda é muito cedo para estipular prazo para a conclusão do inquérito que investiga a ‘máfia dos caça-níqueis’, no entanto, ela observou que algumas medidas já foram adotadas pela Polícia Civil, entre elas a transferência dos suspeitos que ocupavam cargos de chefias para desempenharem cargos em setores administrativos da corporação.
O deputado estadual Vanderlei Siraque (PT), autor do requerimento de convocação da delegada, considerou importante os esclarecimentos de Quaggio, e solicitou mais agilidade nas investigações por parte da corregedoria. “Esse é um caso que já se arrasta há três meses e ninguém foi punido. Espero que o fato não caia no esquecimento. Eu continuarei cobrando explicações”, comentou.
Resumo do Caso
No dia 25 de maio deste ano, o advogado Jamil Chokr colidiu seu veiculo em um ônibus, na Marginal Tietê. No interior do carro, os policiais militares que atenderam a ocorrência encontraram sob o banco cerca de R$ 10 mil e mais 40 envelopes repletos de dinheiro que totalizavam R$ 38 mil. Os envelopes estavam enumerados e com a inscrição “DP” em letras maiúsculas – uma possível referência a Distrito Policial. Além disso, também foram encontradas planilhas e anotações que continham possíveis nomes de policiais e departamentos envolvidos e no porta-malas ainda havia peças de máquinas caça-níqueis. É importante ressaltar que os números nos envelopes coincidiam com os de distritos policiais de São Paulo, cuja numeração vai de 1 a 105.