Tecnologia desenvolvida no curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico (IAC), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, aponta para um processo mais rentável de extração do látex. Os ganhos, segundo a pesquisa, incluem não só o aumento da produtividade do seringal, como também a redução nos custos de mão-de-obra. Em um dos procedimentos, os ganhos econômicos obtidos foram de 61%.
O autor da pesquisa, Juliano Quarteroli Silva, identificou nove sistemas de sangria, que foram aplicados em dez clones (variedades) específicas de seringueira. O sistema que apresentou maior rentabilidade envolveu sangria a cada sete dias, com a aplicação de estimulante químico oito vezes no ano. O resultado foi um rendimento líquido da produção clone/hectare de R$ 3.920,25 para um clone que gerava R$ 2.437,43 sob o sistema tradicional com o mesmo tipo de corte, feito a cada dois dias e sem a estimulação química.
Alguns sistemas de sangria feitos em intervalos menores, de três dias, também ofereceram bons resultados, com ganhos de 43% e 42%, dependendo do clone. No sistema tradicional, o rendimento líquido da produção por clone/hectare ficou em R$ 3.119,92, enquanto, nos dois sistemas propostos, atingiram R$ R$ 4.455,60 para o que utilizou a menor concentração de estimulante e R$ 4.429,07 para a maior.
O ganho que o produtor teve, segundo o autor do trabalho, foi reflexo da redução dos custos de mão-de-obra especializada empregada no processo de extração do látex. “A sangria é o que mais onera a cultura e é uma das principais dificuldades encontradas na heveicultura paulista, pois há falta de pessoal qualificado”, afirma. Os gastos que envolvem esse procedimento representam 60% dos custos totais de borracha.
Além de relacionar a viabilidade econômica a partir da identificação dos melhores sistemas de extração do látex, a pesquisa buscou ainda avaliar aspectos fisiológicos, como maior produtividade e menor incidência de seca do painel, problema fisiológico que ocasiona seca total ou parcial das árvores, inviabilizando a extração de látex. Quarteroli conclui que ainda não se sabe quais as reais causas da seca do painel, mas existem indícios de que ele é ocasionado pela alta freqüência de sangria e da concentração de estimulante aplicado.
A ATIVIDADE NO ESTADO – São Paulo detém 53% da produção nacional de borracha natural, com cerca de 45 mil hectares ocupados por seringueiras. A região noroeste é a de maior expressão.
Em 2006, o Brasil produziu 108 mil toneladas de látex seco, quantidade insuficiente para atender à demanda da indústria brasileira. O déficit de borracha natural chegou a 179 mil toneladas, cenário que demonstra a necessidade de expansão da heveicultura. Com o aumento no custo de produção da borracha natural nos últimos anos, os produtores buscam formas de garantir a extração do látex que proporcionem uma redução dos gastos.
PÓS-GRADUAÇÃO DO IAC – O curso de pós-graduação do IAC conta com a produção de 151 trabalhos. O enfoque é sempre buscar resultados com aplicações práticas que possam ser utilizadas pelos produtores.
O curso objetiva a formação de pesquisadores, docentes e profissionais especializados, em nível de mestrado, e é dividido em três áreas de concentração: Gestão de Recursos Agroambientais, Tecnologia da Produção Agrícola e Genética, Melhoramento e Biotecnologia. Para cada área são oferecidas dez vagas.
As inscrições para o biênio 2008/2010 estão abertas até 14 de setembro e o processo seletivo será realizado nos dias 26, 27 e 28. Outras informações podem ser obtidas na página do curso na internet: www.iac.sp.gov.br/pgiac.