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terça-feira, dezembro 23, 2025
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Entrevista Gilberto Gil

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JL: Como será comercializado o novo CD?
Gil: O CD Cordel Banda Larga foi todo produzido por mim e está licenciando para a Warner Music, que está estudando maneiras convenientes para comercializar este disco, estabelecer a visão econômica e social. O CD sairá em 2 formatos, um com 14 faixas e custará por volta de R$20,00 e um outro com 16 faixas por R$28,00 mais ou menos. Haverá ainda, DVD com extras e interatividade e MD. Na 2ª quinzena de julho estará disponível todo conteúdo sonoro em lojas virtuais e para venda. O Cd é Banda Larga, é tão amplo que cabem muitas coisas, como sambas: Formosa, Amor de Carnaval, Gueixa no Tatame. Mas cada faixa entra, sem estar necessariamente relacionada com a outra, é como um fragmento do CD, mas estão ali como num campo magnético com outras músicas que estão no disco.

JL: Como está a agenda de shows?
Gil: Temos shows agendados para São Paulo e todo o Brasil, para depois de agosto, quando eu retornar das minhas tarefas em New York. Esta apresentação terá a banda completa! O último show solo, só foi apresentado na Europa e Estados Unidos.

JL: Você se inspirou em algum fato do governo para a composição de alguma música?
Gil: Muito das paisagens, do estado, do governo o que não são referencias poéticas para alguns artistas, são referencias mais técnicas e pragmáticas, pra mim. São fortes como trabalho de artista. “Não tenho medo da morte”, uma das faixas do novo disco brinca com palavras “Não tenho medo da morte, mas medo de morrer, mas quem vai morrer sou eu. Verdadeiro ato meu, e eu estarei de estar presente assim como Presidente eleito, o sucessor, eleito já me vou”. Verso de uma canção sobre a morte, sobre a plenitude, as paisagens mentais acabaram vindo para acrescentar esta canção.

JL: Você acha que o cordel combina com as novas tecnologias usadas em seu álbum? Como será a aceitação do público ‘revolucionário’?
Gil: Tecnologia digital esquerda sacrificada, militância, a geração 68, etc. Essa geração que se dedicou, tem tendência de rejeitar tudo o que se sucedeu, a onda liberal, onda do capitalismo, etc. Muitas pessoas fazem leituras pessimistas das tecnologias atuais, muito justificáveis até certo ponto. Também tende a outro extremo, que é puramente o bem que faz a humanidade. Ela vem pro bem e pro mal, nem só pra um e nem pra outro. Essa forma de inserção não quer nem um extremo nem outro, na perda do seu revolucionário, onde tudo será resultado de um barco permanentemente que faremos ter sentido da construção, radicalização do pragmatismo no mundo e sobre o mundo, na capacitação de transformá-las gota a gota a cada dia. Não sei até que ponto esse povo ta pensando nessas novas tecnologias. Acho que daqui a pouco eles vão ter que começar a pensar nisso. A música é poesia, valendo pra compreender.

J.L: Cordel vive como na atualidade?
Gil: O cordel pode ser considerado como jogos múltiplos de vários sentidos. É a capacidade de operar, vem do pop brasileiro, fragmento de cada estilo musical, linguagem corrente, heranças e principalmente da cultura contemporânea do irremediável.

JL: Esse novo trabalho manteve misturas brasileiras?
Gil: Todas as músicas são práticas variadas de miscigenação, em todas as faixas vocês vão encontrar isso, elementos trazidos do software de sons, de ruídos. Oco do mundo uma gota eletrônica que fica: “pol, pim, pol” ela pinga nitidamente, identifica com o mundo eletrônico ao longo da música inteira e é produzido por uma máquina sintetizadora. Existem também faixas em francês sobre a África, abandono, última fronteira da exploração do capitalismo selvagem. Nessa faixa filtros eletrônicos foram trabalhados amplamente, foi tudo aproveitado de um demo a pedido do festival de artes negras na África que será ano que vem. Pediram-me para fazer uma música e juntar ritmos com máquina e percussão, esse disco está muito místico.

JL: Como você lida com as novas tecnologias?
Gil: Bom, tenho uma página no Youtube, mas ainda não estou fazendo interação com os fãs. Esse quiosque que abri com a Warner e o Youtube precisam amadurecer com novas interatividades, com os usuários, todo material que compartilho com os jornalistas estará disponibilizado in put de elementos informativos, que vão estar na página. Estou falando de filosofia, criação, poética, política, além da música, da imagem, o aquecimento da Banda Larga na Europa e no Brasil que já rendeu imagens e fotografias, quero que este material seja compartilhado pelas pessoas através de clipes em telefones celulares produzidos por elas mesmas. Quando fizermos o especial em agosto, toda a filmagem poderá ser feita com celulares, colocar nas mãos das pessoas que vem aos shows e depois trocarem. Tudo isso vai ser disponibilizado à medida que vai sendo criado pelos fãs internautas. Banda larga vai ter um longo caminho. Cada um compartilhará de seus fragmentos disponíveis, de imagem de som, de palavras de pensamento.

J.L: Você é um usuário avançado de novas tecnologias?
Gil: Usuário menos que básico eu diria, não tenho nem classificação, eu uso muito pouco. Não tenho Ipod, em casa todo mundo tem, eu não tenho! O computador eu uso prá texto, prá e-mail, acesso todo dia mais de uma vez quando possível pela manhã, durante o dia se tenho tempo e a noite sempre. Outro dia ganhei um programa de música com vários canais que pode gravar voz, violão, dobra de vozes, é um mini-estúdio de gravação no computador. Isso já faz uns 20 dias, agora tenho essa nova tecnologia e preciso começar a usar.

J.L: O que você acha sobre o conservadorismo nos dias atuais e o modo como os pais estão caminhado com a educação dos filhos?
Gil: Os pais estão preocupados de mais para que seus filhos não caiam nas mãos de gente errada. Sou a favor das liberdades atuais, até que ponto é uma questão dinâmica? Até os extremos possíveis, qual o meio justo da dosagem? Essa dosagem é dinâmica, ela é regula tória, tem que caminhar conforme as necessidades forem percebidas por cada um. Não há regras para educar os filhos, psicólogos tendem a ditar regras, dizem que tudo é muito complexo, involuntariamente querem influenciar em como educar, mas na própria educação temos influência de certa forma, cada um sua metodologia, como querem fazer as leis. Faz parte do processo dinâmico da vida, do espírito, da lei. Na Bahia temos uma expressão interessante: “cagar a regra”. Deve existir um pouco de abertura, deve estar ali à dose, cada pai, cada mãe vai estabelecer, cada contexto familiar, cada contexto coletivo cada parâmetro. O jovem esquece que o define o ser humano é a finitude.

“Tudo no mundo é sobre todas as coisas, sobre nada, sobre o Brasil, Estados Unidos, China, sobre a fábrica, sobre Marte, buraco negro, onde possa ir a imaginação, essa nossa necessidade de fazer sentido que não faz sentido.
Oco do mundo para exemplificar esse lugar ambíguo, mas é oca, deriva estar e não esta… “Esse flerte muitas vezes frustrado, com desejo de conhecer essas coisas, cabe o Brasil, mas não foi inspirado”, Gilberto Gil.

Por Caroline Nunes

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