As organizações não-governamentais – ONGs – são associações do terceiro setor da sociedade civil, com objetivos públicos e sem fins lucrativos. Desenvolvem ações em diferentes áreas que o governo não consegue atingir. Podem recebem doações, financiamentos do Estado ou de entidades privadas.
São organizações que na teoria devem auxiliar o desenvolvimento e preservação da sociedade. O problema é quando algumas destas instituiçoes começam a desviar verba para uso pessoal ou lavagem de dinheiro e usam seus recursos para promover projetos de grandes empresas.
Foi divulgado na mídia este ano que o Ministério Público Federal de Campinas está movendo ações de improbidade administrativa contra duas ONGs de Jundiaí (SP) por desvio de verba de programas para portadores do vírus da Aids.
As ONGs Grupo de Orientação e Apoio aos Portadores de Aids (Goapa) e Sociedade Projeto Abraço devem devolver R$ 6.409 e R$ 14.616, respectivamente, à UNESCO.
Este dinheiro teria sido gasto e as organizações não conseguiram justificar seu uso.
Outra Ong que está sendo acusada por desvio de verba é uma Ong financiada pelo Programa Brasil Alfabetizado que vem cadastrando classes inexistentes e não paga os profissionais que trabalham.
No primeiro semestre deste ano o MEC liberou cerca de R$ 20 milhões para entidades na capital paulista e que são responsáveis por executar o Programa Brasil Alfabetizado.
Segundo publicado no jornal O Estado de São Paulo, os repórteres passaram mais de um mês analisando as contas do ministério e procuraram 130 das 241
turmas montadas pelo Centro de Educação, Cultura e Integração Social de São Paulo, uma das ONGs do projeto, e constataram que pelo menos 65 delas são fantasmas. Há também professores que não recebem salários, educadores contratados para estar em três locais ao mesmo tempo e duplicidade de
turmas.
Em setembro deste ano, a ONG SOS Mata Atlântica em parceria com a Jaguatibaia, ONG local de Sousas –, trouxe a modelo Gisele Bündchen para inauguração do programa Florestas do Futuro. O objetivo do projeto é produzir 200 mil mudas por ano em Viveiro Comunitário para recuperar áreas destruídas.
A modelo Gisele Bündchen e a Grendene, fabricante de calçados sintéticos, firmaram uma parceria com a SOS Mata Atlântica que diz que parte das vendas da linha Gisele Bündchen Sementes será doado para o plantio de no mínimo 25 mil mudas de espécies brasileiras nativas que recuperarão mais de 15 hectares de Mata Atlântica Nativa e também o monitoramento de qualidades da água de rios e lagos.
Sabe-se que atualmente apoiar projetos sociais ou realizá-los é uma boa jogada de marketing de grandes empresas para mascarar ou compensar a poluição e desmatamento produzido por determinadas empresas. Deve-se analisar se o projeto de ação social vai replantar árvores que foram destruídas pela própria empresa ou se vai fazer esta ação, porém indo além e plantando a mais do que se destruiu. Senão, não merece mérito de reconhecimento, estão apenas cumprindo seu papel e devolvendo aquilo que destruíram.
Segundo divulgado pela assessoria da SOS Mata Atlântica em nota enviada ao Jornal Local o evento da inauguração do projeto Florestas do Futuro que teve a participação da modelo Gisele Bündchen foi um evento fechado de abrangência nacional. Por isso, só poderia participar da cobertura algumas mídias determinadas pela organização do evento. Estas regras se contradizem com a publicação de uma foto do evento em jornal da região não cadastrado na cobertura do evento.
Outro ponto a se levantar é a questão de ONG`s que atuam na APA. A região de Sousas está sofrendo um processo contínuo de degradação ambiental em razão do crescimento urbano desordenado.
Devastação irregular provocou o assoreamento – obstrução de rios por sedimentos, areia ou detritos – de três lagos na Fazenda Santana. Os novos loteamentos e condomínios do distrito de Sousas provocaram o desaparecimento completo de dois lagos, além da diminuição de 60% da água de um terceiro lago.
A área que provocou o assoreamento é proveniente de desmatamentos excessivos que dão lugar para as construções. Sem a proteção das matas, os lagos recebem diretamente a areia, que se deposita sob a água. A rede de esgoto instalada no local provocou a mudança do solo e o deslocamento de terras, que também causa o assoreamento dos lagos. A declividade do terreno é outro fator que provoca a erosão.
E enquanto a região está precisando de auxílio das ONGs, para que juntamente com a prefeitura e os órgãos públicos responsáveis, se resolva o problema que está destruindo a fauna e a flora do subdistrito de Sousas prejudicando o meio ambiente, a ONG Jaguatibaia está preocupada em participar de eventos como o de Gisele Bündchen, que ao plantar uma árvore, acredita estar criando consciência ambiental. Mas não é uma questão de conscientização nem de promoção de uma marca. É preciso trabalho para reverter a situação, que é muito séria.
ONGs desviam atenção de problemas sérios
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