“O Arraial dos Souzas, embellezas naturaes, não é talvez o menos favorecido do Estado de São Paulo, apezar de estar collocado entre collinas que lhe destroem a perspectiva e limitam-lhe o horisonte. E’ um logar magnifico para se viver; o clima é delicioso, mais saudavel não existe; alli não ha molestias endemicas, nunca foi atingido pelas epidemias que têm assolado outras povoações do estado” (Escrito de um “cavalheiro residente naquella localidade”, Almanach de Campinas para 1900, organizado por Leopoldo Amaral, Casa Livro Azul/Castro Mendes & Irmão, Campinas, 1900, pp. 71-72)
A fundação de Sousas iniciou-se em 1830 pelos sertanejos Aleixo Antonio de Godoi e Bernardo Sampaio, ao se estabelecerem às margens do Atibaia, onde encontraram farta caça e pesca, além de magnífica beleza natural. Para continuar sua descoberta, construíram uma ponte de madeira a fim de transporem o rio. Decidiram estabelecer-se no local, iniciando uma povoação que logo desenvolver-se-ia.
As condições naturais da região atraíram novos moradores, como Augusto Fornaleiro, Manoel Antonio de Moraes, João Floriano de Camargo e membros da família Souza. Segue abaixo os dados biográficos encontrados sobre alguns dos fundadores da localidade, extraídos da Monografia Histórica e Estatística do Distrito de Sousas, de Zuleika Godoi Gomes:
– Bernardo José Sampaio: nascido na Vila de São Carlos (Campinas), em 1797, era genro de José de Sousa Campos. Exerceu o cargo de vereador entre os anos de 1833-1836 e 1845-1848, tendo favorecido também a cultura cafeeira. Faleceu em 16 de Janeiro de 1855;
– Mano(u)el Antonio de Morae(i)s: nascido na Vila de São Carlos, em 1811, era bisneto de João de Sousa Campos. Faleceu em torno dos 50 anos, em 8 de setembro de 1861;
– João Floriano de Camargo: irmão de Bernardo Sampaio, faleceu em 1850;
– José de Sousa Campos (major): nascido em 13 de junho de 1797, na vila de São Carlos, eminente na história e política da cidade. Era bisneto de Barreto Leme e Sousa Siqueira, ambos fundadores de Campinas. Exerceu os cargos de sargento-mor, procurador do Conselho (1822) – em que participou do evento da Independência política do país – e foi vereador entre 1837-40 e 1841-44; período em que a Vila de São Carlos foi elevada à cidade de Campinas. Era proprietário da fazenda Atibaia, na qual plantou cafezais, sendo por isso considerado um dos pioneiros da implantação da cultura cafeeira na região.
– José de Sousa Siqueira (capitão): nascido na povoação de Campinas do Mato Grosso (Campinas), em 1775, filho de João de Sousa Campos e D. Ursula da Silva Guedes, neto de Barreto Leme. Obteve grande destaque e prestígio social e político. Exerceu o cargo de vereador entre os anos de 1802-03 e em 1810, tendo sido Juiz Ordinário e Presidente da Câmara entre 1812-19 e no ano de 1828. Siqueira obteve, em 1796, concessão da sesmaria e, em 1797, estabeleceu-se com sítio de cultura, em Ribeirão de Anhumas. Nas terras recebidas por sesmaria, formou a fazenda Atibaia – às margens do rio que possui o mesmo nome. Seu filho, José de Sousa Campos, herdou a fazenda e, em 1858, após sua morte, deixou-a para seu genro, João Batista Camargo Damy. Esta fazenda ainda hoje é conhecida como João Damy e grande parte das terras da antiga Fazenda Atibaia representam parcialmente o perímetro urbano do atual Distrito de Sousas. José de Sousa Siqueira e Bernardo Sampaio, proprietários das Fazendas Atibaia e Palmeiras, introduziram a cultura cafeeira no Distrito, em 1830 – data do início da povoação da região.
Aos poucos, o povoado tornou-se arraial, conhecido como “Ponte do Arraial” e “Ponte do Atibaia”. Em 1889, houve a mudança do nome para “Arraial dos Souzas”, devido ao fato de muitos moradores serem descendentes de membros da família de sobrenome Souza. Esta proposta do vereador Dr. Ricardo Gumbleton Daunt visava homenagear a família que contribuíra para formação e desenvolvimento da localidade. Em 1896, o então deputado estadual Dr. Alberto Sarmento pediu informações sobre a localidade ao professor João Brenn , a fim de elevar o Arraial a Distrito de Paz. Em conseqüência, no dia 24 de julho deste mesmo ano, houve a criação de seu cartório de paz e a eleição dos seguintes juízes: Alfredo Augusto do Nascimento, João de Souza Campos e Luiz Damy. Porém, o cartório de paz só iniciou seu funcionamento em fevereiro de 1897.
Em 1944, através do decreto nº 14.334 de 30 de novembro do referido ano, houve uma nova mudança do nome: de “Arraial dos Souzas” para somente “Sousas”.
Cristiane Prestes
estudante do 4º ano de historia da Unicamp