Revolução Constitucionalista de 1932 em quadrinhos
Maurício Pestana
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
32 páginas
R$ 12,00
A história é a mesma, mas as imagens da Revolução Constitucionalista de 1932 ganharam novos contornos na obra do cartunista Maurício Pestana a ser lançada na quarta-feira, às 19 horas, no Museu Afro Brasil, na capital paulista. Revolução Constitucionalista de 1932 em quadrinhos, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, busca levar ao conhecimento do público infanto-juvenil, com uma narrativa leve e ilustrada, o fato histórico comemorado no feriado de 9 de julho, que representou o maior conflito armado civil do século XX no Brasil.
O álbum em quadrinhos foi idealizado pela Imprensa Oficial e encomendado ao cartunista, justamente com o objetivo de contar às crianças um importante movimento em defesa da democracia por meio de uma linguagem própria da infância. “A ideia foi utilizar os recursos visuais dos quadrinhos para fazer algo que mostrasse o que ocorreu em São Paulo, dentro do contexto da época, de forma menos estática e mais divertida do que nos livros escolares”, explicou o autor. Indicada para leitores de 9 anos ou mais, a obra serve como material didático e será utilizada pela rede estadual de ensino.
Pestana, também escritor e roteirista, tem experiência em passar conteúdos das aulas de História para o formato de quadrinhos. Entre os mais de 40 trabalhos educativos de sua autoria estão publicações sobre outras guerras memoráveis como a Revolta dos Alfaiates, movimento pela emancipação da Bahia deflagrado em 1789, e a Revolta da Chibata, levante de militares da Marinha em 1910. Em ambos os casos, ele visitou as cidades em que os conflitos ocorreram, reuniu documentos e realizou ampla pesquisa bibliográfica.
Entretanto, como uma das principais bases de seu trabalho é a fotografia, o autor contou com maior diversidade de fontes neste álbum mais recente. “No século XVIII, não havia registro fotográfico. Já na Revolta da Chibata, encontrei poucas fotos. Mas a pesquisa sobre Revolução Constitucionalista de 32 é muito rica em imagens, porque foi amplamente divulgada principalmente pela imprensa paulista, que em geral era a favor da revolução”.
Além da linguagem, o cartunista aproveita o recurso da ilustração para trazer a história à atualidade e, assim, aproximar os leitores do fato. Ele retrata cenários importantes no contexto da revolução e presentes no cotidiano dos paulistanos, como a avenida Nove de Julho, cujo nome faz referência à data de início do conflito, o obelisco do Ibirapuera, erguido em homenagem aos mortos na guerra, e a 23 de Maio, uma das principais vias da capital que lembra o dia de 1932 no qual quatro jovens foram mortos pelas tropas do Governo Vargas durante um confronto pré-revolução. As iniciais de Martins, Miragaia, Drausio e Camargo foram eternizadas com o nome Revolução MMDC, como o movimento era popularmente conhecido na época.
Os personagens dos quadrinhos são duas crianças e uma conta a história para a outra. O enredo começa em 1930, quando Getúlio Vargas chega ao poder após um longo período em que as oligarquias cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais comandaram a política do país na chamada república café com leite. A publicação retrata cenas marcantes como as manifestações de rua, que reuniam milhares de civis, e o alistamento das mulheres. Ao final, ilustrações que compõem a narrativa são reproduzidas novamente ao lado das fotografias correspondentes. O álbum também destaca a participação dos negros, que representavam um terço das tropas revolucionárias.
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um conflito armado entre uma frente de civis paulistas e o governo provisório de Getúlio Vargas, empossado dois anos antes, e a favor da promulgação de uma nova constituição e da redemocratização do Brasil. A carta magna de 1891 havia sido suspensa em 1930, com o fim da república café com leite. Vargas assumiu a Presidência sob aprovação dos opositores do sistema político oligárquico, com a promessa de fazer uma nova constituição. Mas, em movimento contrário, ele passa a tomar medidas autoritárias. A revolução durou quase três meses e as tropas do governo saíram vitoriosas, mas os propósitos dos paulistas foram alcançados com a convocação, no ano seguinte ao conflito, da Assembleia Constituinte que deu origem à Constituição de 1934.