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sexta-feira, setembro 20, 2024

Ausência de desejo sexual afeta metade da população feminina do Brasil

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A disfunção sexual é um problema que vem atingindo um número cada vez maior de mulheres. Comum, porém muitas vezes negligenciado por falta de informação, o transtorno afeta cerca de 50% das mulheres brasileiras e a tendência é esse número aumentar com o avanço da idade, conforme o “Estudo da Vida Sexual do Brasileiro”, realizado com 7.103 participantes e coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Dados confirmam que cerca de 20% das mulheres brasileiras acima dos 60 anos já não têm mais nenhum tipo de interesse sexual. Por ser um assunto tão presente no ambiente feminino, é fundamental que a classe médica esteja envolvida em busca da atuação mais apropriada para esses casos. O tema, inclusive, será discutido no 53º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO), que acontece pela primeira vez em Belo Horizonte entre os dias 14 e 17 de novembro, no Expominas.

Segundo a ginecologista e presidente do Comitê de Sexologia da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Maria Virgínia de Aguiar, a doença é mais comum do que se imagina. “Tenho percebido um aumento desses casos no meu consultório. A falta de informação e a repressão da sexualidade feminina, que ainda existe na escola, na família e nos grupos sociais, podem ser os grandes motivadores desse problema”. Existem vários tipos de disfunção sexual: diminuição ou falta de libido ou até aversão sexual do parceiro, que leva a falta de excitação sexual – ausência de lubrificação; vaginismo, quando a mulher não permite a penetração vaginal, involuntariamente; dispareunia, que é a dor na penetração e falta de orgasmo ou dificuldade em alcançá-lo. “É importante ressaltar que a resposta sexual varia muito para cada mulher. Não há como conceituar o que é ‘normal’ em termos de freqüência de desejo. Cada casal se satisfaz de uma forma. Desejos sexuais diários, quinzenais ou até mesmo mensais podem ser considerados normal. A mulher vai saber que tem esse problema, pois ela nunca está com disposição para o sexo e sempre diz não ao parceiro”, avalia Maria Virgínia.

As causas das disfunções sexuais podem ser psicológicas ou físicas. No primeiro caso, de acordo com a ginecologista, tem muito a ver com a relação conjugal ou com o próprio histórico de vida da mulher. Já as causas físicas ou orgânicas, responsáveis por cerca de 20% a 40% das disfunções sexuais femininas, podem estar ligadas ao parto, amamentação, menstruação, uso de remédios ou doenças. Alguns antidepressivos e anticoncepcionais também podem diminuir a libido. Muitas vezes, a mulher que sofre desse problema evita relações sexuais com o parceiro, utilizando como pretexto cansaço e dor de cabeça, entre outras queixas. “Atualmente, o que parece justificar a recorrência desses casos é a correria do dia-a-dia, o estresse, o acúmulo de trabalho, a qualidade ruim na alimentação e no sono. Essa rotina exaustiva realmente contribui para que mulher tenha menos interesse sexual, pois o cansaço diminui a libido feminina, ao contrário do homem, que faz do sexo um ato de relaxamento”, afirma Virgínia.

Hoje, uma das grandes novidades é o diagnóstico de baixa de libido de origem orgânica. É possível identificar o problema com um exame ginecológico completo. Outro grande avanço da medicina é a possibilidade de tratamento para esses casos. Maria Virgínia explica que, antes, essa disfunção era tratada somente como causa psíquica. “Com o avanço dos exames laboratoriais, podemos dosar os hormônios sexuais femininos e se estiverem alterados podemos fazer essa reposição com bastante segurança. A falta de desejo sexual é um distúrbio que deve ser tratado, para evitar desgastes no relacionamento – que podem levar ao divórcio ou casos extraconjugais. A meta é ter saúde sexual, aliada a saúde do organismo, que vai levar a satisfação pessoal”, conclui.

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