Dia 20 de novembro será comemorado o Dia da Consciência Negra, a data é uma justa homenagem a Zumbi do Palmares, morto em tal dia no ano de 1695. A comemoração é de extrema importância, pois, serve de reflexão e conscientização sobre a dívida histórica em relação aos negros.
Aproveitando a recente eleição, vemos que ainda é baixa a representatividade do negro na política nacional. Dos 9 candidatos à Presidência da República apenas Marina Silva (PV) pode ser considerada parda, dos 9 candidatos ao governo do estado de São Paulo, apenas Mancha (PSTU) é negro, dos 15 candidatos ao Senado Federal por São Paulo, apenas Netinho de Paula (PC do B) é negro.
Para o Prof. Dr. de Ciências Políticas da Unicamp Valeriano Costa, a baixa representatividade política do negro no Brasil se dá pela confusão racial: “Muitos não se auto-afirmam, considerando-se mulatos ou pardos, ao contrário dos EUA, onde todos que tenham uma gotinha de sangue africano se consideram negros”. Para ele, uma política de cotas pode fazer com que essa auto-afirmação aumente: “Mas será que vale a pena aumentar essas diferenças raciais? É esse o dilema que a gente vive”.
Valeriano também ressalta que a falta de representatividade dos negros na política vai além da questão racial: “Não sei nem se passa pela cor, a gente não sabe quais critérios o eleitor usa pra ser representado. Os pobres são mais sub-representados do que os negros”.
No último dia 31 o Brasil elegeu a 1ª mulher presidente, Valeriano avalia que o Brasil está mais distante de eleger o 1º negro presidente: “Temos menos políticos negros do que mulheres em evidência, mas se fosse uma mulher por sua conta própria, sem o apoio do Lula, seria mais difícil também”.
Comparando o Brasil aos EUA, o professor avalia que Obama conseguiu ser eleito mesmo com um preconceito enraizado socialmente: “Mas lá o negro tem uma legislação afirmativa. A política de cotas existe nos EUA há mais de 50 anos, Obama é o resultado e não a consequência”.
Para Valeriano, a queda na popularidade de Obama deve-se a este preconceito: “É o mesmo preconceito que o Lula sofre aqui, da classe média. Lula é marginalizado por ser nordestino. Obama é marginalizado por ser negro. Nos EUA existe uma elite conservadora fora dos centros urbanos e ela foi derrotada com a eleição dele”.