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segunda-feira, dezembro 15, 2025
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Câmara de Campinas amplia cargos comissionados e desafia de decisões do MP

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Projeto cria 99 vagas e eleva gasto com assessores dos vereadores

A Câmara Municipal de Campinas analisa um projeto que amplia o número de assessores em todos os gabinetes e reorganiza cargos estratégicos de alto salário, reacendendo uma disputa antiga entre o Legislativo e o Ministério Público sobre o tamanho da estrutura comissionada.

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O Projeto de Lei Complementar (PLC) 136/2025, elaborado pela Mesa Diretora, redefine o quadro de funções do Legislativo e abre espaço para que cada um dos 33 vereadores tenha oito assessores, três a mais do que os cinco atuais. A medida se materializa na criação de 99 novos postos de assessoramento direto — batizados de Assessor de Políticas Públicas — com remuneração mensal de R$ 8.500,00.

A experiência da própria Câmara de Campinas já inclui decisões que consideraram inconstitucionais cadeiras comissionadas criadas sem justificativa clara.. Foto Divulgação Câmara de Campinas

A proposta também mexe na cúpula administrativa da Casa. Estabelece salário de R$ 10 mil para cinco Assessores de Comissão e cria o cargo de Subsecretário de Apoio às Comissões, com vencimento de R$ 32.167,44, um dos mais altos da estrutura legislativa. As funções integram um novo desenho técnico de suporte às comissões permanentes.

A reorganização reacende um debate que se arrasta há mais de uma década em Campinas e acumula decisões judiciais. Em intervenções anteriores, o Ministério Público determinou a suspensão de cargos comissionados considerados excessivos ou criados sem critérios de necessidade legítima.

Reedição de estruturas já contestadas

A ampliação retoma características já questionadas nos tribunais. Decisões passadas do MP apontaram falta de descrição adequada das funções, uso político dos cargos e uma relação desproporcional entre assessores comissionados e servidores efetivos. O PLC atual não detalha critérios técnicos mensuráveis para justificar a necessidade de 99 novos postos, ponto que já motivou ações anteriores.

Além disso, a criação de cargos intermediários de alto salário, como o Subsecretário de Apoio às Comissões, coincide com deliberações anteriores que exigiam que funções técnicas fossem ocupadas prioritariamente por servidores concursados, não por nomeações livres.

Outro ponto a ser observado é o impacto financeiro global, tema que tem sido omitido nos debates oficiais. Sem projeção de gasto anual divulgada, o novo projeto tende a elevar significativamente as despesas fixas do Legislativo e pode gerar contestação com base no princípio da economicidade, utilizado em decisões do Tribunal de Justiça e do STF em ações semelhantes em outros municípios.

Hipóteses de “apadrinhamento político” a investigar

Com base no quadro acima, alguns perfis de beneficiados que devem ser investigados:

  1. Pessoas ligadas a vereadores por parentesco, amizade ou acordos políticos — nomeadas para cargos comissionados sem concurso, potencial violação da Súmula Vinculante 13.
  2. Militantes de partidos ou ex-candidatos derrotados, usados para recompor base política ou recompensar apoio, sem vínculo com função técnica ou de assessoramento real.
  3. Funcionários de partidos ou associações que assumiriam cargos comissionados como “escritório político paralelo” à estrutura legal da Câmara.
  4. Indicação de empresários ou aliados com contratos ou interesses com o poder municipal, instalando clientelismo por meio de cargos públicos.

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