Vídeo da confissão reacende escândalo de propina; vereadores cobram respostas sobre saúde precária e caos no transporte público
Por Sandra Venancio – Foto Divulgação Câmara de Campinas
A Câmara Municipal retoma suas atividades nesta segunda-feira, 5 de agosto, sob o impacto de um novo pedido de Comissão Processante (CP) contra o ex-vereador Zé Carlos (PSB), que renunciou ao mandato no último minuto antes da votação de cassação, no semestre anterior. A solicitação, protocolada pelo vereador Marcelo Silva (PP), reacende uma crise institucional que envolve diretamente a imagem do Legislativo e põe pressão sobre a gestão do prefeito Dário Saadi (Republicanos) pela população.
Clique aqui para fazer parte da comunidade do Jornal Local de Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
O pedido de CP tem como base a gravação de uma confissão feita por Zé Carlos ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). No vídeo, amplamente divulgado nas redes sociais, o ex-presidente da Câmara admite ter solicitado propina ao empresário Celso Palma, responsável pela operação da TV Câmara. “Confesso nos termos da denúncia, doutor”, diz o ex-vereador, em depoimento ao promotor do caso.
Embora a renúncia ao mandato tenha encerrado formalmente a primeira CP, o novo requerimento argumenta que a Casa Legislativa tem sim competência para apurar infrações político-administrativas praticadas durante o exercício do mandato, conforme prevê o artigo 5º do Decreto-Lei nº 201/1967. A sustentação jurídica ainda se baseia em jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal (STF), que admite a continuidade de apurações mesmo após a perda do mandato.
Além do escândalo envolvendo Zé Carlos, o retorno do Legislativo promete ser tenso para o Executivo. Vereadores, da oposição, devem pressionar o prefeito com pautas voltadas para os problemas crônicos na saúde pública, como a superlotação de unidades, falta de médicos e insumos, e o crescente caos no transporte coletivo da cidade.
A expectativa é de que, nos próximos dias, a Câmara concentre os debates não apenas no caso de corrupção, mas também na responsabilidade do governo municipal diante do colapso em áreas essenciais. A oposição promete cobrar respostas contundentes e não descarta a instalação de novas comissões parlamentares de inquérito (CPIs).
O clima é de desgaste político. A nova fase de investigações, somada às cobranças por serviços públicos básicos, pode redesenhar alianças dentro da Casa e impactar diretamente o ano pré-eleitoral de 2026.