O depoimento do ex-diretor financeiro da Sanasa, Marcelo Quartim Barbosa de Figueira à CPI das Licitações na tarde de sexta-feira, 03, na Câmara Municipal de Campinas, foi marcado pelo confronto entre o depoente e o vereador Artur Orsi (PSDB).
O vereador criticou duramente o comportamento de Figueira a quem acusou de “debochar” da comissão.
Segundo Orsi, o ex-diretor não respondeu a questões básicas, como por exemplo, o faturamento da empresa no período em que assumiu (em 2005) e quando saiu (em 2008). Também disse não saber os motivos que levaram a empresa a realizar aditamentos em um dos contratos ou proceder renovações de contratos com período maior de validade e valores mais altos. Figueira iniciou sua fala explicando suas funções na empresa e como era feito um processo de licitação. Quando indagado por Orsi sobre valores dos contratos, empréstimos e pagamentos, ele disse não ter as informações. “Não vim preparado para esse tipo de questão”, argumentou.
Em determinado momento, Orsi chegou a se irritar com o ex-diretor e pediu que o presidente da CPI, vereador Sérgio Benassi (PC do B), lhe fizesse uma advertência formal. “Com quem o Sr. acha que está falando?”, questionou. “O Sr. deve esclarecimentos à Comissão e à cidade de Campinas”, acrescentou.
Orsi questionou sobre o aumento nos valores de um contrato de segurança, O ex-diretor afirmou não saber o motivo exato do aumento, mas disse suspeitar que tenha sido causado pelo temor da empresa em ser um dos alvos do PCC – a facção criminosa que em 2006 promoveu ataques em série contra civis e forças de segurança e equipamentos públicos. Orsi ironizou. “É plausível. O PCC iria mesmo querer roubar água da Sanasa”, disse.
O vereador questionou a afirmação do ex-presidente da Sanasa, Luiz Augusto Castrilon de Aquino de que no contrato de prestação de serviços de segurança havia a previsão de segurança pessoal para ele. O ex-diretor disse que também desconhecia o conteúdo desse contrato.
Claramente irritado, Orsi reclamou e disse que a atitude representava desrespeito com o trabalho da Comissão. “Como alguém que diz ter norteado toda a política financeira da empresa não têm dados, nem números da empresa? Foi um depoimento em tom de deboche de alguém que acha que não tem que prestar nenhuma informação”, diz. Figueira negou que tivesse debochado da CPI.
O presidente da CPI discordou do colega. Benassi disse acreditar que, dentro do objetivo da Comissão (analisar se houve a fraude e se, caso tenha havido, existe algum agente público e político envolvido), se sentia satisfeito com o depoimento de Figueira. “Ele deu os esclarecimentos, e do ponto de vista do que nós estamos perseguindo, creio que cumpriu o seu papel”, disse Benassi.
Figueira foi diretor-financeiro da Sanasa durante a gestão de Aquino (2005-2008), que em seu depoimento garantiu que todos os contratos assinados durante o período em que esteve à frente da empresa foram aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), Prefeitura e por uma auditoria interna realizada na empresa.
Benassi acredita que a Comissão conseguirá terminar seu trabalho no tempo regimental que é de 90 dias, mas não descarta pedir prorrogação por mais 30 dias, caso seja necessário.
Os outros membros da Comissão também participaram da oitiva. São eles os vereadores Jorge Schneider (PTB), Vicente de Carvalho (PV), Sebastião dos Santos (PMDB) e Jairson Canário (PT).