A cidade de Americana está oficialmente em situação de calamidade financeira. O decreto, assinado pelo Prefeito reeleito, Omar Najar (PMDB), foi publicado nesta semana no diário oficial do município. Entre várias ações, mais de 1.500 funcionários da prefeitura devem ser demitidos. A decisão dividiu opiniões na cidade.
Para o taxista Daniel Garcia, as medidas de Najar são necessárias por conta do rombo causado pelo Prefeito cassado, Diego de Nadai. “O prefeito é um bom administrador. O prefeito cassado, que era do PSDB, Diego de Nadai, deixou a cidade no buraco, e não tem de onde tirar dinheiro. O prefeito atual está fazendo o que pode, e o que precisa ser feito na cidade.”
Já o artesão Álvaro Azanha demonstra preocupação com as consequências do decreto. “Como que um empresário, um investidor, um empreendedor, vai investir em uma cidade que está em estado de calamidade financeira? Espero que ele [Najar] tenha consciência disso.”
A artesã Silvana Moura demonstrou descontentamento com a medida, e com a situação financeira da cidade. “Vai piorar, já piorou. A saúde está difícil, não tem médico no hospital. Os funcionários públicos estão sendo prejudicados. Dinheiro tem, pagamos o IPTU, onde está indo o dinheiro? Tem de ter outros caminhos”.
Além do decreto, neste mês a Prefeitura voltou a atrasar e parcelar os salários dos servidores. Essa situação, e o anúncio de que servidores serão demitidos, preocupam o Sindicato dos Servidores Municipais, como conta o diretor do sindicato, Rogério Vanzo. “O desemprego já é alto em todo lugar. A Prefeitura de Americana é a maior empregadora da cidade, com pouco mais de 5 mil funcionários. O parcelamento dos salários já impacta no comércio da cidade, imagine se demitir nessa proporção?”
Na manhã desta quinta-feira os servidores municipais entraram em greve mais uma vez, por conta do novo parcelamento salarial. Mas eles terão de manter 80% dos servidores trabalhando. A nova paralisação, e a situação de calamidade não alteraram serviços como a coleta de lixo, a limpeza pública, e manutenção de parques e jardins, que ocorrem normalmente.
A situação da saúde segue sendo um dos principais problemas. No pronto atendimento do Hospital Waldemar Tebaldi, apenas um médico atendia na manhã desta quinta-feira, como relata a dona de casa, Andreia Dalvecchio. “Fizeram a ala de pediatria, está a coisa mais linda, mas não tem pediatra, o clínico geral que está atendendo, e atendeu meu filho. Até que não foi ruim o atendimento, mas a situação está precária”.
O aposentado Gino Gouvêa mora em Santa Bárbara D’Oeste, e disse que foi à Americana em busca de atendimento pediátrico para sua neta, o que não teria conseguido em sua cidade. Mas encontrou a mesma situação em Americana. “Estou com minha neta aqui, pois onde eu moro, em Santa Bárbara, não tem pediatra, e ela está há três dias com febre alta. Aqui, apenas um médico está atendendo, mas ao menos ele está fazendo a parte dele, mas não é a especialidade dele. Cadê o pediatra?”, questiona.
A vigência da situação de calamidade financeira é de 120 dias, e com isso espera-se uma redução nas despesas municipais de até R$ 7 milhões mensais.