
Membros do Conselho Gestor da APA (CONGEAPA), e o proprietário da Fazenda Santa Helena em Joaquim Egídio estiveram reunidosem sessão extraordinária com a empresa contratada, Medral Geotecnologias Ambiental, para esclarecimentos da viabilidade de construçãode uma linha de transmissão de energia de 500 kV, entre Itatiba a Campinas.
O parecer do Congeapa foi desfavorável, pois há eventuais prejuízos à saúde em razão da alta radiação em linhas de transmissão de energia elétrica. A rede de alta tensão pode ocorrer acidentes com o rompimento de cabos. Os argumentos apresentados pelo conselho é que já existi um linhão próximo Linha de Transmissão de 345 kV, entre Campinas e Guarulhos.
Outras questões levantadas em reunião são as áreas desocupadas, as supressões de vegetação e intervenções em APP. Conselheiros questionam também a blindagem dos transformadores, e da exposição e emissão de radiaçãocom medição dos campos eletromagnéticos, e a necessidade de comparar com os parâmetros de segurança para a saúde, a fim de avaliar as condições de salubridade, pois existem inúmeros moradores nos arredores da subestação.Na visão dos ambientalistas, as linhas de alta tensão ionizam o ar, e os poluentes radioativos aumentam o potencial de câncer nos humanos.
O traçado do linhão
O traçado da Linha de Transmissão prevê interceptar os municípios de Campinas e Valinhos, iniciando-se na subestação (SE) de Campinas, até a subestação (SE) Itatiba, ambos existentes. O traçado terá aproximadamente 25 km de extensão sendo composto por 12 vértices e deverão ser construídas 58 estruturas metálicas.
Desapropriação da Fazenda
Segundo o proprietário Eduardo Campos, da Fazenda Santa Helena, localizada na usina Salto Grande, a propriedade de 10 alqueires tem nascente e uma extensa área de fragmentos de florestas. Antes, já foi produtora de leite, mas hoje só tem plantação de hortaliças, pomar, produção de colmeia e plantação de eucaliptos.
O valor a ser pago pela área desapropriada está abaixo de 30 a 40% do valor de mercado, visto que, o proprietário poderá continuar utilizando em baixo das torres de linhas, apenas atividades de baixo impacto como pasto e produção de forrageira. Não pode construir como também não instalar postes eletrificados.
A empresa alega que não perigo
A empresa Medral Engenharia assegurou que a empresa segue os padrões internacionais de segurança da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a empresa, o custo para construir linhas de transmissão num modelo mais seguro – com torres mais altas ou cabeamento subterrâneo mais profundo – seria de R$ 10 bilhões. Nesse modelo, a construção de linhas custa hoje R$ 3 milhões por quilômetro, subindo para R$ 13 milhões por quilômetro, se forem elevadas a 50 metros e R$ 23 milhões se forem subterrâneas.
O que diz a lei brasileira
A lei estabelece que campos das linhas de transmissão não pode passar de 83 microteslas, isso significa 83 milionésimos de tesla. Para os que trabalham diretamente com as linhas e redes de transmissão, esse limite é de 433 microteslas. Recentemente, a comissão internacional alterou os limites de medição para um nível maior (200 microteslas para a população em geral e 1.000 microteslas para a população ocupacional).
Alta tensão pode causar câncer
Os cientistas procuram há muito tempo uma relação entre os campos gerados pelas linhas de alta tensão e doenças em seres humanos. Mas não há consenso na comunidade científica sobre o tema.
Há suspeitas de que a leucemia infantil tenha relação com campos magnéticos.Existem dois tipos principais de radiação. O primeiro é a chamada radiação ionizante, como a de uma bomba atômica. Essa, quando entra no organismo, faz estragos, quebra moléculas, faz surgirem cargas elétricas onde antes não havia nada. Nesse clima de instabilidade, podem aparecer até mutações no DNA e doenças como câncer.O outro tipo são as radiações não ionizantes, como as de uma linha de alta tensão ou de um exame de ressonância. Essas, quando entram no organismo, não provocam estragos. Se elas fazem mal e como esse mal seria causado, isso até hoje não se sabe.