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quinta-feira, fevereiro 6, 2025

Eleitores de Sousas aceitam vender seus votos

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Levantamento foi realizado na região do Conceição
Levantamento foi realizado na região do Conceição

Eleitores de Sousas aceitaram, de imediato, venderem seus votos em troca de “agrados” como reforma da casa da mãe, R$ 1,5 mil em dinheiro, cesta básica, motocicleta e até mesmo por uma casa própria através da fraude dos sorteios de casas populares de imóveis de interesse social de Campinas. O caso se configura como crime eleitoral.

Em cerca de duas horas, a reportagem do Jornal Local, se passando por assessor de uma suposta candidata a vereadora nas eleições deste ano na cidade, percorreu a região da Cohab e Jardim Conceição.

Nesse tempo, a candidata, uma suposta compradora de votos, conseguiria 337 votos nessas regiões de Sousas. Contudo, em troca de vários “favores”.

O Conselho Editorial do Jornal Local decidiu manter sob sigilo o nome dos entrevistados porque as informações revelam compra e venda de votos, tratando-se do crime eleitoral.

“Pela reforma da casa da minha mãe, que é aposentada e gasta muito com remédio, e por um jeito de um conseguir uma casa popular nos sorteios da Prefeitura, eu votaria na candidata e conseguiria que uns dez parentes e amigos votassem nela”, revelou a comerciante F.D. “Vivo de favor na casa da minha mãe com meus três filhos. Preciso de uma casa e estou esperando ser sorteada há dez anos”, alegou.

A pensionista N.M., de 63 anos, disse que paga aluguel e por isso precisa de dinheiro. “Uns R$ 1,5 mil e cesta básica já me ajudariam. Pago R$ 500 de aluguel por mês e fica puxado. Não é fácil não”, comentou a idosa.

O comerciante C.S., 37, topou na hora conseguir 100 votos para ganhar uma motocicleta. “Fico interessado porque minha moto já está com problema. Aceito a participar (do esquema) e vou esperar o contato da vereadora para começar a arrecadar os votos”, afirmou o comerciante.

As estudantes M.C, L…, E.R., todas do Conceição, “gostariam” de receber R$ 300 por dia durante a semana que antecede as eleições municipais para votarem em grupo (incluindo elas mesmas, familiares e amigos)na “compradora” de votos.

“Conseguiríamos uns 70 votos cada. É fácil a gente arrecadar votos porque nos conhecemos muita gente”, disseram.

Entre dez pessoas abordadas, duas se recusaram a vender seus votos. “Eu não me envolvo com político nenhum e vocês também não deveriam”, cutucou uma idosa que não quis se identificar.

A legislação mostra que os eleitores “podem ser enquadrados pelo crime de corrupção eleitoral”. O chamado “mercado do voto” é crime tanto para quem vende quanto para quem compra, conforme o artigo 299 do Código Eleitoral.

“Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”, diz o artigo.

Promotor da Justiça Eleitoral de Minas Gerais, Thales Tácito Cerqueira, apontou a necessidade de acabar com o financiamento privado de campanhas e mencionou o “jeitinho” que as empresas doadoras dão para “esquentar” dinheiro de campanha.

“Enquanto não acabar com o sistema de financiamento privado de campanha vai continuar. Que empresa vai doar R$ 1,5 milhão para o candidato e não vai receber nada em troca? Nessas eleições vão haver laranjas que receberão dinheiro para fazer doações aos candidatos. Está na hora de mudar o sistema de privado para público”, comentou o promotor.

Apesar de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entender que não é prova licita a gravação do flagrante de compra e venda de votos, o especialista orienta o registro do crime eleitoral.

Cerqueira explicou que os acusados respondem nas esferas civil e criminal. Nesse segundo caso, há cassação do registro do diploma do candidato. Outra orientação do meio policial é acionar a Polícia Militar para atender a ocorrência.

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