Times de médicos e ex-pacientes comemoram a vitória contra a doença e alertam: apesar da alta de 24% no total de transplantes realizados, o país precisa cada vez mais de doadores para salvar vidas
O Ministério da Saúde lança, neste domingo (27), a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos – 2009 de um jeito bem brasileiro. A grande ação voltada para o aumento no número de doações no país vai começar com partidas de futebol de areia no Rio de Janeiro. Cinco times vão disputar o jogo na Praia de Ipanema, no campo de areia do Posto 10, a partir das 9h. Três partidas chamam a atenção por um motivo especial: colocam em campos adversários pacientes transplantados do Hospital Geral do Bonsucesso (HGB) e profissionais do Ministério da Saúde.
Formada por transplantados de rins e fígado, a equipe ‘Superação’ vai se revezar em série de três partidas (de 15 minutos cada) contra o time de médicos, enfermeiros e demais profissionais que participaram processo de cura e tratamento. No time, estão comerciantes, bancários aposentados, motoristas, que por meio do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que superaram todas as dificuldades e, agora, celebram a vida e dão exemplo.
FLAMENGO X VASCO – Depois dos jogos entre transplantados e médicos, a programação esportiva continua com a realização de um dos maiores clássicos do futebol carioca: as equipes masters do Flamengo e do Vasco transferem para a praia a rivalidade sadia dos confrontos do Maracanã. Pelo rubro-negro já confirmaram presença Adílio, Wallace, Waltinho, Lula, Gilmar, Júlio César, Hélio, Renato Carioca. No Vasco, outra profusão de artistas da bola: Márcio, Sidney, Gaúcho, Ernani, Paulinho Pereira, Wilsinho, Vivinho, Luis Claudio e William.
Durante o lançamento da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos – 2009, em Ipanema, haverá também a distribuição de folders com orientações e explicações sobre a importância deste ato de solidariedade, além de distribuição de camisas da campanha autografadas pelos jogadores dos dois times cariocas. No local, o Ministério da Saúde, com o apoio do Departamento de Gestão Hospitalar do Rio de Janeiro (DGH), montou uma estrutura que conta com palco que terá apresentação de DJ para levar animação ao público.
TEMA DA CAMPANHA – O foco da campanha deste ano estará na importância de comunicar os familiares sobre a decisão de se tornar um doador. Com o slogan “A vida é feita de conversas. Basta uma para salvar vidas”, a nova campanha de doação de órgãos começa a ser veiculada nas televisões e rádios de todo o Brasil. Haverá também mobiliário urbano com a mensagem espalhados pelo país.
A atriz Danielli Haloten – a personagem Anita, da novela Caras e Bocas, da TV Globo – é uma das protagonistas da Campanha Nacional de Doação de Órgãos do Ministério da Saúde. Danielli, que é portadora de deficiência visual, passa o recado de que ninguém precisa de deixar nenhum documento por escrito para deixar clara sua vontade de doar órgãos. Para tanto, basta usar as palavras ou os gestos para declarar sua vontade. A atriz participará do lançamento em Ipanema.
ESTATÍSTICAS – Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que o número de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. Entre janeiro e junho de 2009, foram feitos 2099 transplantes de órgãos. Em 2008, no mesmo período, foram 1688. Nesse mesmo intervalo, houve crescimento nacional da quantidade de transplantes de rim de 30,28% (ver tabela abaixo). O transplante de fígado aumentou 23,17%.
“De 2004 a 2008, dobramos o nosso gasto com transplantes, mas, além de recursos materiais, precisamos do bem mais valioso, e mais escasso, que são os órgãos doados. Por isso, reforçamos a necessidade da população se engajar nessa campanha e na doação de órgãos, não somente autorizando a doação, mas também exercendo seu direito de informação e decisão sobre este assunto perante a morte de um familiar”, afirma Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Em 2004, o gasto com transplantes foi de R$ 409,4 milhões e, quatro anos depois, atingiu R$ 824,2 milhões.