Plenário reduz pena após pressão e reverte decisão do Conselho de Ética
A Câmara decidiu sustentar apenas uma suspensão temporária, e não a cassação, do deputado Glauber Braga. A votação mobilizou blocos inteiros até minutos antes do painel ser encerrado e expôs uma disputa interna que vinha sendo tratada como irreversível.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
O plenário aprovou a suspensão de seis meses por 318 votos favoráveis, 141 contrários e três abstenções. O Conselho de Ética havia enquadrado o caso na punição máxima, mas a articulação construída ao longo da tarde reabriu o placar. A reversão surpreendeu até aliados, que trabalhavam com o cenário de derrota desde a véspera.

A ocupação da mesa diretora na noite anterior tornou-se o principal argumento usado por deputados que defenderam a punição dura. Parlamentares afirmaram que o psolista “esticou a corda” ao longo do último ano, acumulando atritos e sem buscar mediação interna. Com a repercussão do episódio, o ambiente na Casa amanheceu hostil ao parlamentar.
Cálculo político em tempo real
A mudança de voto de parte da esquerda ocorreu após avaliação de que a cassação abriria precedente para punições futuras por manifestações consideradas radicais. No centro da articulação estiveram líderes que não apareciam na linha de frente do caso até então, agindo para reduzir o impacto institucional da decisão.
A negociação envolveu concessões entre bancadas que, em outros temas, estão em lados opostos. A movimentação coincide com a tentativa de reverter o desgaste após a sessão marcada por agressões e expulsão da imprensa da Casa durante a votação da PL da Dosimetria, criando um clima de instabilidade interna.
Versões frágeis e contradições
O argumento de que o deputado não buscou diálogo com colegas esbarra em posicionamentos anteriores de integrantes da própria Mesa, que registraram em reuniões internas dificuldades em conduzir processos disciplinares sem tensionar parte do plenário. Integrantes do bloco governista afirmam que houve tentativas de negociação que não prosperaram por falta de consenso sobre o enquadramento.
Outro ponto não explicado é a súbita mudança de humor político na tarde desta quarta-feira: líderes que até a manhã defendiam a cassação passaram a admitir a suspensão como “saída institucional”. A virada ocorreu após encontros fechados e troca de bilhetes no próprio plenário.
Quem ganhou e quem perdeu
A análise cruzada dos votos indica que bancadas do centro e parte da direita foram decisivas na redução da pena, movimento que não aparecia nas projeções iniciais. O impacto político recai sobre a Mesa Diretora, pressionada por episódios envolvendo ordem e segurança nas últimas sessões.
Nos bastidores, parlamentares comentam que a decisão abre nova disputa: a definição de regras mais rígidas para manifestações em plenário. Há também avaliação de que a suspensão prolongada pode paralisar projetos ligados ao gabinete de Braga e reorganizar alianças no campo progressista.




