Ministro da Fazenda afirma que medida não tem base econômica e aposta na diplomacia para resolver crise com os EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros não tem fundamento econômico e classificou a medida como “irracional”. Haddad ainda acusou a família Bolsonaro de ter articulado o tarifaço a partir do Brasil e dos EUA.
Em conversa com jornalistas organizada pelo grupo Barão de Itararé, o ministro disse acreditar que a diplomacia brasileira conseguirá reverter a taxação por meio da negociação internacional. “Não há base técnica ou econômica para essa tarifa. Trata-se de uma decisão de cunho político, que fere o espírito do comércio justo e equilibrado”, declarou Haddad.
O ministro também responsabilizou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro por incentivarem a ação protecionista de Trump. “Infelizmente há setores no Brasil e fora dele que preferem a desestabilização a construir soluções. Mas o governo brasileiro vai defender a soberania nacional”, disse.
A taxação de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos EUA foi anunciada por Trump na quarta-feira (9) em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e atinge em cheio setores como o agronegócio, mineração e indústria de transformação.
Para Haddad, apesar do impacto imediato, há espaço para o diálogo diplomático. “Acreditamos que podemos resolver isso na mesa de negociações, dentro das regras da Organização Mundial do Comércio”, disse.
A equipe econômica já estuda estratégias jurídicas e comerciais para tentar barrar a medida ou compensar setores mais afetados, enquanto o Itamaraty avalia uma ação formal na OMC.
