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segunda-feira, julho 7, 2025

Lava Jato “envergou a vara” da corrupção sistêmica no país, diz Janot

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Brasília - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante entrevista coletiva para apresentar os resultados de gestão do primeiro ano de seu segundo mandato. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante entrevista coletiva para apresentar os resultados de gestão do primeiro ano de seu segundo mandato. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avaliou hoje (11) que a Operação Lava Jato conseguiu “envergar a vara” da corrupção sistêmica no país, que se encontra agora em um ponto de inflexão, próxima de ser superada. “Ou essa vara quebra, ou voltará chicotando todo mundo”, afirmou.

Ele usou a metáfora após ser por diversas vezes questionado, durante café da manhã com jornalistas nesta sexta-feira, se algumas propostas de lei que tramitam no Congresso Nacional teriam o potencial de prejudicar o alcance das investigações do Ministério Público Federal (MPF).

“A corrupção episódica não vai acabar. O que a gente tem é que controlar essa corrupção endêmica”, afirmou Janot. “No que diz respeito à endêmica, esta vara está envergada, e eu espero que seja sim a Lava Jato que vá quebrar essa vara, no sentido de vencer essa corrupção endêmica, essa corrupção sistemática”, disse ele.

Abuso de autoridade

Entre as propostas que tramitam no Congresso, Janot criticou mais especificamente a chamada Lei de Abuso de Autoridade (PLS 280/2016), projeto atualmente analisado em comissão por proposta do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ).

“Ela é muito ruim”, afirmou Janot, que criticou  proposta por não especificar os tipos de abuso, deixando assim aberta a possibilidade de se punir decisões legítimas. “Não pode criminalizar o que chamamos de crime de hermenêutica. Um juiz ou membro do Ministério Público não pode ser criminalizado por ter dado uma interpretação jurídica.”

Janot manifestou ressalvas também em relação ao projeto que pretende anistiar a utilização de doações não declaradas em campanhas eleitorais, o chamado caixa 2, cuja votação chegou a ser levada ao plenário da Câmara, mas foi posteriormente retirada de pauta.  Janot sugeriu maiores discussões também sobre os acordos de leniência, que têm o objetivo de permitir o alívio de punições a empresas envolvidas em corrupção, caso colaborem com a Justiça.

Questionado se tais projetos representam uma reação da classe política contra o alcance da Lava Jato, Janot preferiu responder dando como exemplo a operação Mãos Limpas, que nos anos 1990 levou à prisão de diversos políticos por corrupção na Itália, mas acabou tendo seus efeitos amenizados por uma série de leis aprovadas no Parlamento.

“Essas medidas legislativas que ocorreram na Itália, de uma certa forma ou outra, são discutidas aqui no Brasil. Podemos sim fazer essa leitura dessa provável reação de centros de poder político ou econômico”, disse Janot.

Vazamentos

O procurador-geral rebateu também a insinuação de que membros do Ministério Público poderiam estar se valendo de vazamentos seletivos para mobilizar a opinião pública a apoiar a Lava Jato.

“Em 90% dos casos o vazamento é mais prejudicial à investigação do que ajuda. O clamor popular não interfere na investigação, o clamor popular interefere sim no caso de uma lei que tramita no Congresso e pode prejudicar a investigação”, disse o procurador-geral da República.

Janot descartou ainda que a Lava Jato possa estar prejudicando a economia do país. “Nós temos empresas que são objeto de investigação e essas empresas têm sofrido consequências dos atos que elas mesmas têm praticado. Qual era o quadro da economia por trás dessas empresas, era uma economia de mercado, de competição? Não. Era uma economia que se assentava em cartelização, um capitalismo tupiniquim, de pagamento de suborno”, disse Janot. “Não é essa a economia que queremos resguardar”, completou.

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