Presidente anuncia isenção do IR e exalta GM no Ceará enquanto setores disputam verbas da Nova Indústria Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (3), que o Brasil registra o menor índice de pobreza e extrema pobreza “de toda a história”, com redução da inflação, aumento real de salários e queda no desemprego. A declaração foi feita durante o lançamento da produção de veículos elétricos da General Motors (GM) no Ceará. Segundo o presidente, “o dinheiro está chegando na mão do povo”, impulsionado por ganhos da massa salarial, reajuste do mínimo e política de isenção fiscal que entrará em vigor em 2026 para quem ganha até R$ 5 mil.
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Lula também citou o crescimento econômico superior a 3% desde 2023 e disse que a desoneração do Imposto de Renda busca corrigir o desequilíbrio tributário entre ricos e pobres. A agenda no estado ainda incluiu entrega de carteiras de docentes e autorização de obras do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará.

A inauguração da produção de veículos elétricos ocorre em meio à disputa por incentivos da Nova Indústria Brasil (NIB), programa que deve direcionar aportes para cadeias produtivas de baixo carbono. A chegada da GM ao Nordeste fortalece a concorrência com montadoras já instaladas em estados como São Paulo e Paraná, que tentam ampliar benefícios estaduais e federais para eletrificação da frota.
O anúncio cria pressão sobre outras regiões para atrair fábricas com isenção de ICMS e crédito industrial. Nos bastidores, governos estaduais articulam uma reforma conjunta para garantir acesso a linhas do BNDES destinadas à mobilidade elétrica, com taxas diferenciadas e exigência de percentual mínimo de peças produzidas no Brasil.
Com a GM operando no Ceará, fornecedores de baterias, componentes eletrônicos e infraestrutura de recarga tendem a se deslocar para a região. Empresas de tecnologia da Ásia sondam acordos com consórcios locais, enquanto montadoras concorrentes pleiteiam parcerias para compartilhamento de plataformas elétricas. Três grupos de logística e transporte estudam instalar bases na Região Metropolitana de Fortaleza para atender fábricas e centros de distribuição vinculados ao setor.
Essa reorganização pode alterar o mapa de empregos metalúrgicos e deslocar parte da demanda de regiões industriais tradicionais do Sudeste, onde há apreensão sobre substituição de peças e queda na produção de motores a combustão.
Promessa social versus custo fiscal
A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda levanta questionamentos sobre o impacto no caixa federal, sobretudo em ano de aumento de subsídios industriais. Técnicos do governo avaliam modelos para compensar a renúncia tributária, entre eles tributação progressiva sobre rendimentos financeiros e revisão parcial de benefícios a empresas exportadoras.
A aposta é que a formalização do mercado de trabalho aumente a arrecadação e reduza a perda fiscal a médio prazo. Setores empresariais pressionam para que a compensação não recaia sobre créditos de exportação ou sobre o lucro das cadeias integradas à NIB.
O discurso presidencial valoriza indicadores sociais ao mesmo tempo em que prepara o terreno para disputas financeiras envolvendo a indústria elétrica e políticas de incentivo verde. O desafio será equilibrar o custo das novas isenções com os projetos industriais que tentam ocupar o centro da economia brasileira nos próximos anos.




