Advogado-geral da União é o favorito para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso; decisão de Lula envolve cálculos políticos e resistência no Senado
Por Sandra Venancio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca no Brasil nesta terça-feira (28) após uma agenda de compromissos oficiais na Ásia. De volta ao país, o chefe do Executivo deve enfrentar uma das decisões mais sensíveis e aguardadas de seu governo: a escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que ocupará a vaga aberta com a saída de Luís Roberto Barroso da Corte.
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Antes de embarcar para o continente asiático, Lula havia sinalizado a ministros e auxiliares a intenção de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o cargo. Conhecido por seu perfil técnico e discreto, Messias é considerado o favorito do presidente, mas a confirmação foi adiada e deve ocorrer nos próximos dias, após novas rodadas de articulação política em Brasília.

Jorge Messias: perfil técnico e apoio dentro do governo
Atual Advogado-Geral da União, Jorge Messias é servidor de carreira e ganhou destaque durante os governos petistas por sua atuação jurídica sólida e postura institucional. Ele conta com apoio de ministros próximos a Lula e até de setores moderados da oposição, o que o torna um nome de consenso dentro do Planalto.
Apesar disso, a aprovação no Senado é vista como um dos principais desafios. O nome do indicado ao STF precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ser aprovado pela maioria absoluta dos 81 senadores.
Bastidores e disputa com Rodrigo Pacheco
A definição de Lula ficou mais complexa após uma reunião reservada com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), no Palácio da Alvorada, na véspera da viagem presidencial. Segundo interlocutores do Planalto, se o encontro tivesse resultado em pleno acordo, o anúncio de Messias já teria sido feito antes da partida.
Nos bastidores do Congresso, há um grupo que defende a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, como alternativa ao nome de Messias. Alcolumbre, responsável por pautar a sabatina e a votação dos indicados ao Supremo, seria um dos articuladores dessa hipótese.
Questionado sobre o tema, Alcolumbre respondeu de forma enigmática aos jornalistas:
“Se o cara estiver morto, ele está vivo. Se o cara está vivo, ele está morto. O ‘se’ é muito complicado.”
Cálculo político e 2026 no horizonte
A decisão de Lula não é apenas jurídica — tem também peso estratégico e eleitoral. O presidente vê em Pacheco um aliado potencial para a disputa ao governo de Minas Gerais em 2026, estado-chave para qualquer campanha presidencial. Segundo sondagens do Instituto Paraná Pesquisas, o senador aparece entre os nomes mais competitivos para o pleito.
Enquanto o Planalto tenta equilibrar pressões políticas e institucionais, a expectativa é que o anúncio do novo ministro ocorra até o fim desta semana. Caso a escolha recaia mesmo sobre Jorge Messias, a indicação marcará a consolidação de uma Corte majoritariamente composta por juristas ligados à era petista, o que reforça o peso político das próximas decisões do Supremo.




