Beatriz Aparecida de Araújo Cruz, de 31 anos, foi morta pelo ex-marido após sofrer anos de violência física, psicológica e sexual
“Ele abusava dela de todas as formas.” É assim que Roseli de Araújo descreve o relacionamento da filha, Beatriz Aparecida de Araújo Cruz, com Thiago Fernando Monteiro, que confessou ter assassinado a mulher cerca de três meses após o término de um casamento de 14 anos.
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Beatriz desapareceu em 19 de abril, na véspera da Páscoa, e seu corpo foi encontrado em 11 de agosto, depois que Thiago confessou o crime e indicou o local do enterro. A vítima tinha 31 anos e deixou um filho de 8 anos.
A informação foi publicada pelo G1 Campinas.
Ciclo de violência
Segundo Roseli, a violência começou com abusos verbais, mas evoluiu para agressões físicas e sexuais. Em janeiro de 2025, ela presenciou uma das agressões e denunciou o caso à polícia. Só então Beatriz aceitou sair de casa, emocionalmente abalada.
A família procurou uma advogada, que orientou Beatriz a registrar relatos do que havia sofrido. Inicialmente, ela não conseguia escrever, chorava ao tentar colocar no papel os abusos. Com apoio psicológico, conseguiu relatar os fatos.
“Ele batia em lugares que não deixavam marcas visíveis. Depois, a agredia sexualmente. Era uma rotina”, contou Roseli.
Beatriz era obrigada a aparentar felicidade em público, mesmo após espancamentos. Segundo a mãe, Thiago organizava encontros e jantares, forçando a mulher a sorrir e interagir socialmente.
Tentativas de fuga
Beatriz tentou fugir três dias após a primeira agressão física. Foi de ônibus de Mogi Mirim a Itapira e tentaria chegar a Águas de Lindóia, mas Thiago a alcançou de carro e a levou de volta. Nessa ocasião, começou a receber ameaças:
“Se ela não ficasse quietinha, o filho não ia nascer, e que se ela me procurasse ou procurasse a irmã, ia ter que conviver com a minha morte nas costas.”
Depois, já em Serra Negra, tentou fugir novamente, mas foi trancada por Thiago na loja de conserto de celulares onde ele trabalhava. Ela conseguiu escapar durante um tumulto, chegou a São Paulo e passou a noite na rodoviária. Por causa do filho, acabou voltando.
Thiago justificava o controle e a violência dizendo que Beatriz era “distraída” e não podia ficar sozinha, chegando a inventar histórias sobre assaltos e humilhações para manter a vítima sob vigilância. Roseli tentou registrar boletim de ocorrência e marcar consulta psiquiátrica para a filha, mas foi impedida pelo ex-marido.
Medida protetiva e desaparecimento
O casal morava em um terreno no bairro Três Barras, na zona rural de Serra Negra. No início de 2025, Beatriz conseguiu uma medida protetiva e passou a viver com a mãe. Thiago, no entanto, continuou a perseguição.
Cerca de 15 dias antes do desaparecimento, Beatriz estava sob proteção da justiça. No dia 19 de abril, ela foi vista pela última vez a caminho do hotel onde trabalhava. Imagens de câmeras de segurança mostraram que o carro de Thiago esteve próximo ao local no mesmo horário.