Manifestantes cobraram postura mais firme do governo Lula após prisão de 11 brasileiros na Flotilha Global Sumud, interceptada pela marinha israelense em águas internacionais
Por Sandra Venancio – Fotos Rovena Rosa/Agencia Brasil
SÃO PAULO — Em mais um ato pró-Palestina realizado neste domingo (5) no centro de São Paulo, alguns milhares de manifestantes tomaram a Avenida Paulista para denunciar a ação da marinha israelense contra a Flotilha Global Sumud e exigir a libertação dos ativistas detidos, entre eles 11 brasileiros. O grupo também cobrou que o governo Lula rompa relações diplomáticas e comerciais com Israel.
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O protesto, marcado por bandeiras palestinas, cartazes e palavras de ordem, reuniu representantes de partidos políticos, sindicatos, organizações estudantis e brasileiros de origem árabe. A concentração começou no fim da manhã e seguiu em caminhada até a Praça Roosevelt, no centro da capital.





“O principal motivo de a gente estar aqui hoje é pela luta pela liberdade e pelo fim do genocídio que acontece na Palestina”, afirmou o comerciante Ziad Saifi, 51 anos, de origem libanesa. “Também para demonstrar nossa solidariedade à flotilha, que foi sequestrada pelo Estado de Israel em áreas de águas internacionais.”
A manifestação também denunciou o preconceito do Ocidente em relação ao mundo árabe e à perseguição a islâmicos. Entre as faixas exibidas, havia críticas diretas ao bloqueio imposto à Faixa de Gaza e à cumplicidade de países ocidentais com o governo israelense.
“É um absurdo que o governo brasileiro continue exportando petróleo e aço para um Estado assassino, genocida. A única possibilidade de paz no Oriente Médio é o fim desse regime que usa métodos nazistas”, disse o jornalista Bernardo Cerdeira, 70 anos.
Os manifestantes lembraram ainda o legado de Yasser Arafat, líder da Autoridade Palestina e Nobel da Paz, como símbolo histórico da resistência árabe. Jovens que nasceram após sua morte, em 2004, participaram do ato inspirados por essa memória.
“O povo palestino representa a resistência anticolonial do mundo inteiro”, afirmou Sol, 19 anos, um dos participantes mais jovens do protesto.
Flotilha Global Sumud
A Flotilha Global Sumud foi composta por cerca de 50 embarcações, transportando 461 ativistas e toneladas de alimentos e medicamentos com destino à Faixa de Gaza. Todos os barcos foram interceptados pela marinha e pela força aérea israelense desde a última quarta-feira (2), ainda em águas internacionais, segundo as organizações envolvidas.
Entre as denúncias feitas após a abordagem, uma das mais graves é a de violência física contra a ativista norueguesa Greta Thunberg, que teria sido arrastada e espancada diante dos demais militantes.
“Temos de participar e defender nossos ativistas, assim como as vítimas desse genocídio”, declarou a professora aposentada Marta da Silva Mendes, 68 anos.
Brasileiros detidos
De acordo com o Itamaraty, a interceptação da flotilha fere o direito internacional à liberdade de navegação e configura detenção ilegal de ativistas pacíficos. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores exigiu a liberação imediata dos 11 brasileiros presos e afirmou que Israel “deverá ser responsabilizado por quaisquer atos ilegais e violentos cometidos contra os ativistas”.
O governo brasileiro também reforçou que acompanha o caso “em diálogo com autoridades israelenses e organismos internacionais” para garantir a integridade física dos cidadãos detidos.