34.9 C
Campinas
sábado, dezembro 27, 2025
spot_img

Mudanças climáticas podem causar perdas de R$ 3,6 trilhões ao país

Data:

queimadaOs prejuízos causados ao Brasil pelas mudanças climáticas podem chegar a R$ 3,6 trilhões nos próximos quarenta anos. Isso seria o equivalente a jogar fora um ano inteiro de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), caso a tendência de aquecimento global não se reverta nesse período. As regiões mais vulneráveis seriam a Amazônia e o Nordeste, acentuando ainda mais as desigualdades regionais no país.

O alerta é do relatório Economia das Mudanças do Clima no Brasil (EMCB) realizado por uma equipe multidisciplinar composta por cientistas das principais instituições de pesquisa do país (USP, INPE, UFRJ, UFMG, IPEA, CNPq, BNDES, entre outras).

 

O documento é inédito e traça os possíveis cenários de impactos econômicos baseados no relatório do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês). Às vesperas da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, os resultados chamam a atenção. 

 

O ponto de partida foram modelos computacionais que forneceram projeções sobre o comportamento futuro do clima no território nacional, como temperatura, precipitação e fluxo hidrológico. “O valor em si (R$3,6 trilhões) é chocante e mostra que o problema não é nada desprezível”, afirma o coordenador do estudo, Sérgio Margules, doutor em Economia do Meio Ambiente pela Universidade de Londres e economista ambiental do Banco Mundial. 

Dos efeitos econômicos da savanização da floresta amazônica ao impacto da redução de oferta hídrica no sistema de geração de energia elétrica, o estudo aponta para um cenário em que as perdas causadas pelas alterações no clima irão puxar novos gastos do governo federal para tentar controlar a situação.

 

“Outro aspecto importante é a injustiça social que isso pode causar. O Sul e o Sudeste são menos atingidos enquanto o Norte, Nordeste e o Centro-Oeste são mais fortemente atingidos e sabemos que as populações mais pobres são as mais afetadas dentro desse quadro”, explica Margules.

 

Savanização

Na Amazônia, de acordo com o relatório do IPCC, o aquecimento pode chegar a 8°C em 2100. Estima-se que as mudanças climáticas resultariam em redução de 40% da cobertura florestal – a chamada savanização. Margules aponta uma das soluções que o relatório traz, investimentos no comércio de crédito de carbono.

 

“Seria relativamente barato reverter o desmatamento se de alguma forma fosse compensada com o pagamento pelo carbono”, diz. “Se a comunidade global estiver disposta a pagar US$ 3 a tonelada de carbono, os produtores prefeririam receber essa quantia a expandir a pecuária na região”, explica o economista.

No entanto, ele ressalta que o estudo não aponta formas de implementar a política de compra de crédito de carbono. “O estudo não diz como isso seria feito, apenas fizemos a conta e mostramos que isso seria mais barato”, diz. 

No Nordeste, as chuvas seguiriam uma tendência de diminuir entre 2 mm/dia e 2,5 mm/dia até 2100. Os resultados seriam perdas agrícolas em todos os estados da região. O déficit hídrico reduziria em 25% a capacidade de criação de gado de corte, levando a um retrocesso à pecuária de baixo rendimento.

O declínio de precipitação afetaria a vazão de rios em bacias da região, importantes para geração de energia, como a do Parnaíba e a do Atlântico Leste, com redução de vazões de até 90% entre 2070 e 2100. De acordo com o relatório, isso causaria a “perda de confiabilidade do sistema de geração de energia.”

 

“Caso se confirme esse quadro, o Nordeste realmente vai ter uma redução significativa da disponibilidade hídrica e a geração de energia que vem daquela região vai ficar comprometida”, afirma Margules.

 

Elevação dos mares

O estudo aponta também para os prejuízos causados pelas alterações climáticas nas zonas costeiras e na agricultura. A estimativa dos valores materiais em risco ao longo da costabrasileira é de R$ 136 bilhões a R$ 207,5 bilhões. O investimento em estudos e obras necessárias para prever e conter a elevação dos níveis do mar somariam R$ 3,72 bilhões até 2050.
Na agricultura, com exceção da cana-de-açúcar, todas as culturas sofreriam redução das áreas de produção, em especial a soja (até 34%), milho (15%) e café (18%).

G1

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

Polícia Federal e CGU fazem operação contra fraude em serviços de saúde no Piauí

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (25/6), a Operação...

Hospitais privados vão atender o SUS em troca de dívidas com a União

Campinas - Em uma iniciativa inédita que promete desafogar...

Copom decide nesta quarta se pausa ciclo de altas na Taxa Selic

Com a inflação desacelerando, mas alguns preços, como a...

Mega-Sena acumula novamente e prêmio principal vai para R$ 130 milhões

Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2.877...
Jornal Local
Política de Privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor no Brasil. Além de definir regras e deveres para quem usa dados pessoais, a LGPD também provê novos direitos para você, titular de dados pessoais.

O Blog Jornalocal tem o compromisso com a transparência, a privacidade e a segurança dos dados de seus clientes durante todo o processo de interação com nosso site.

Os dados cadastrais dos clientes não são divulgados para terceiros, exceto quando necessários para o processo de entrega, para cobrança ou participação em promoções solicitadas pelos clientes. Seus dados pessoais são peça fundamental para que o pedido chegue em segurança na sua casa, de acordo com o prazo de entrega estipulado.

O Blog Jornalocal usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Confira nossa política de privacidade: https://jornalocal.com.br/termos/#privacidade