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sexta-feira, outubro 31, 2025
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“Operação Sangue de Ouro”: MP e PM desmantelam rede milionária do PCC em Campinas

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Ação do Ministério Público e da Polícia Militar atinge núcleo financeiro da facção; imóveis de luxo, contas bancárias e empresas de fachada eram usadas para lavar dinheiro do tráfico internacional

Por Sandra Venancio

Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (30) pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e pela Polícia Militar expôs o coração financeiro de um dos maiores impérios criminosos do país. O grupo, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), movimentava milhões de reais em imóveis de luxo e contas bancárias em nome de laranjas. O principal alvo, o traficante Sérgio Luiz de Freitas Filho, o “Mijão”, segue foragido, mas seu filho foi preso em Campinas durante o cumprimento dos mandados.

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Esquema movimentava milhões de reais em transações imobiliárias e empresariais, utilizando laranjas e interpostas pessoas. Foto Divulgação Redes Sociais

A ofensiva, batizada de “Operação Sangue de Ouro”, cumpre nove mandados de prisão preventiva e onze de busca e apreensão em diferentes cidades do estado de São Paulo. A investigação apura um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que sustentava a cúpula do PCC fora dos presídios.

Segundo o MP-SP, o grupo usava empresas de fachada, documentos falsos e interpostas pessoas para ocultar o patrimônio adquirido com o tráfico internacional de drogas. Entre os bens bloqueados pela Justiça estão 12 imóveis de alto padrão, veículos importados e contas bancárias com valores ainda não divulgados oficialmente.

O 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) liderou as prisões em Campinas, Mogi Guaçu e Artur Nogueira. Em um dos endereços, no distrito de Sousas, houve troca de tiros entre os agentes e um dos investigados. Luís Carlos dos Santos foi morto no local, enquanto um policial militar foi baleado e levado ao Hospital de Clínicas da Unicamp, onde passou por cirurgia e não corre risco de morte.

O filho de Mijão, Sérgio Luiz de Freitas Neto, acabou preso e deve ser ouvido nas próximas horas. Ele é apontado como responsável por movimentar valores e intermediar operações financeiras da organização criminosa, sob ordens diretas do pai.

A operação também teve como alvo Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”, outro nome de peso da facção, considerado foragido há mais de cinco anos. Assim como Mijão, ele estaria escondido na Bolívia, país que tem sido apontado por investigadores como um dos redutos estratégicos do PCC para o tráfico internacional de cocaína.

Os promotores afirmam que o foco da ação não é apenas prender, mas asfixiar financeiramente a estrutura da facção. “Estamos desarticulando o braço econômico do crime organizado, que serve de base para o tráfico e para a corrupção de agentes públicos”, disse, em nota, um dos coordenadores da investigação.

Com o avanço da operação, o MP-SP não descarta novas prisões e o pedido de cooperação internacional para localizar os líderes foragidos. As investigações seguem sob sigilo.

Veja como e onde atuavam a organização criminosa

Maurício Silveira Zambaldi - Dragão -  Planejador de atentado e operador de lavagem.  Principal operador de lavagem de dinheiro do PCC, planejou, com Mijão, matar um promotor de Justiça e um comandante policial. Lavou dinheiro do crime pelo menos três vezes, usando bens em seu nome para ocultar a origem ilícita dos valores. Medida judicial: Prisão preventiva.

Sérgio Luiz de Freitas Filho - Serginho Mijão / Xixi - Chefe do PCC em liberdade. Um dos chefes mais importantes do PCC em liberdade. Ele é o verdadeiro dono de dois imóveis cuja posse foi escondida por outros investigados. Medida judicial: Prisão preventiva.

José Ricardo Ramos - Executor e operador financeiro. Foi nomeado para realizar crimes e lavar dinheiro. Ele usou a técnica de "smurfing" (depósitos fracionados) com Bárbara e Maurício Conti, totalizando mais de R$ 669 mil, para dificultar o rastreio do dinheiro. Medida judicial: Prisão preventiva

Bárbara Batista Borges - Operadora da lavagem e parceira de José Ricardo - Amante de José Ricardo e sustentada por ele, participa da lavagem de dinheiro. Ela foi flagrada fazendo depósitos fracionados ("smurfing"). Medida judicial: Prisão preventiva

Sérgio Luiz de Freitas Neto - Reintegrador de capital ilícito. Filho de "Mijão", é considerado crucial para a lavagem de dinheiro por controlar uma empresa de fachada do pai. Ele concordou em receber bens por meio dessa empresa para reintroduzir o dinheiro ilícito do pai no patrimônio familiar. Medida judicial: Prisão preventiva

Renan Ferraz Castelhano - Receptor da lavagem. Membro da organização, ele usava empresas para lavar grandes somas de dinheiro. Ele recebeu (em contas pessoais e empresariais) os R$ 669.050,00 dos depósitos fracionados e mudava de contas rapidamente para não ser descoberto. Medida judicial: Prisão preventiva

Ronaldo Alexandre Vieira - Laranja de imóveis. Ele atuou como "laranja" para esconder que Mijão era o verdadeiro dono de dois imóveis. Para isso, ele comprou os imóveis por um preço abaixo do real e, depois, os passou para a empresa de fachada controlada pelo filho do chefe do PCC. Medida judicial: Prisão preventiva

Eduardo Magrini - Diabo Loiro - Faccionado e intimidador. Membro proeminente do PCC, foi chamado para intervir e forçar a conclusão de um negócio ilegal que o casal Zambaldi estava atrasando. Ele ameaçou pessoalmente Maurício, dizendo que o colocaria “no prazo” (ameaça de morte pela organização criminosa) para garantir que as ordens da facção fossem cumpridas. Medida judicial: Prisão preventiva

Maurício Conti - Operador de depósitos fracionados. Membro da organização e próximo de José Ricardo Ramos, ele foi flagrado fazendo depósitos fracionados ("smurfing"). Medida judicial: Prisão preventiva

Vanessa Janizelo Zambaldi -Beneficiária e participante da organização - A esposa de "Dragão" participou de atividades criminosas, lavando dinheiro ilegal em pelo menos três ocasiões. Ela tinha laços pessoais próximos com membros da facção e chegou a ser ameaçada por "Diabo Loiro". Medida judicial: Medidas cautelares (proibição de contato e entrega de passaporte)

Aline Marielle da Silva Mengaldo - Coordenadora da lavagem. Esposa de José Ricardo Ramos, ela coordena a lavagem de dinheiro (fazendo planilhas e orientando negócios), mas se declara dona de casa sem renda. Ela usa o estado civil de solteira para blindar o patrimônio e afastar o companheiro das transações. Medida judicial: Medidas cautelares (proibição de contato e entrega de passaporte)

Rafael Luís dos Santos - Credor da dívida ilícita - Ele é o real credor de uma dívida ilegal de R$ 3 milhões de Maurício Zambaldi e injetou dinheiro sujo para ser disfarçado. Ele arquitetou um negócio falso para que um imóvel fosse registrado no nome do pai dele como garantia da dívida. Medida judicial: Medidas cautelares (retenção do passaporte)

Luís Carlos dos Santos - Testa de ferro - Pai de Rafael Luís dos Santos, agiu como "testa de ferro" para receber um imóvel por um preço muito baixo. O objetivo dessa ação era esconder o verdadeiro credor de uma dívida ilegal e ocultar quem era o real dono do dinheiro. Foi morto em confronto com a polícia. Medida judicial: Medidas cautelares (retenção do passaporte)

Álvaro Daniel Roberto Caipira - Traficante de drogas - Um dos maiores traficantes do Brasil. Foi alvo de busca após seu filho visitar a casa de José Ricardo Ramos 27 vezes, levantando suspeitas sobre o envolvimento do traficante com os investigados. Medida judicial: Busca e apreensão

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