A 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa hoje (10) e vai até o próximo domingo (14). A sessão de abertura do Programa Principal da Flip será na noite desta quarta-feira, às 19h, no Auditório da Matriz, com a mesa Canudos, com participação da crítica literária Walnice Nogueira Galvão, autora de mais de 40 livros, dos quais 12 são dedicados ao escritor Euclides da Cunha, grande homenageado do evento este ano. Em seguida, às 20h, será realizado o espetáculo de abertura Mutação de Apoteose, no Auditório da Praça, com a preseça da atriz, dramaturga, diretora e artista visual Camila Mota.
Veja aqui a programação do evento.
De acordo com os organizadores da Flip, haverá programações gratuitas por toda a cidade. O Programa Educativo, a Flip+, as Casas Parceiras e a Praça Aberta são alguns exemplos de atividades da festa com acesso livre para o público visitante e moradores do município. No Auditório da Praça, junto à Igreja Matriz, ocorrerão mesas literárias e shows musicais, também com entrada liberada.
Já para as mesas literárias do Programa Principal, que serão realizadas no Auditório da Matriz, o ingresso tem valor de R$ 55, com possibilidade de pagamento de meia-entrada. Todos os debates terão tradução simultânea e serão transmitidos para quem estiver na praça.
Quem ainda não conseguiu comprar os ingressos para o Programa Principal, disponíveis desde 3 de junho pela internet, poderá adquiri-los na bilheteria do evento, na fila chamada Último Minuto.
Vivências
A 17ª Flip introduz o módulo artístico Terra Nova, que pretende traçar novas vivências na cidade de Paraty para moradores e visitantes, a partir da instalação No ar, concebida pela artista Laura Vinci, com a performance Máquina do Mundo, do núcleo de arte da Mundana Companhia de Teatro. Uma nuvem de vapor instalada na ponte, que é o principal acesso do público ao Centro Histórico de Paraty, leva a uma reflexão sobre a transformação dos estados da natureza, incentivando as pessoas a descobrirem novas configurações na névoa.
“O público da Flip vai experimentar atravessar esse vapor, essa neblina, no meio da cidade, e também poderá assistir a uma performance que encontra pontos de contato entre textos fundamentais da literatura brasileira e as formas plásticas”, destaca a curadora da festa, Fernanda Diamant.
Glauber Rocha
O filme de Glauber Rocha Deus e o Diabo na Terra do Sol, de 1964, filmado em Monte Santo, na Bahia, estabelece ligação com a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, escritor homenageado na 17ª Flip, ao traçar um retrato da violência e do autoritarismo característico do sertão brasileiro. A exibição está programada para amanhã (11), às 22h, no Auditório da Praça. Marco do Cinema Novo, o filme será exibido na íntegra, com legendas em inglês.
A sessão de cinema será precedida de apresentação da cantora, cineasta e compositora Ava Rocha, em homenagem ao seu pai, Glauber Rocha, que completaria 80 anos em 2019.
Dentro ainda do Programa Principal, a Flip+ vai apresentar filmes clássicos de longa metragem brasileiros no Cinema da Praça que, segundo Fernanda Diamant, dialogam com Os Sertões e o universo criativo de Euclides da Cunha. Destaque para os filmes Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos; Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho; Árido Movie (2005), de Lírio Ferreira; e Tabu (2012), de Miguel Gomes.
Educação
A parte educacional da Flip ocorre durante o ano todo, por meio da promoção da leitura, integrando crianças e jovens às suas comunidades, na busca pela valorização da cultura e dos saberes locais. Essas ações são realizadas na Biblioteca Comunitária Casa Azul, na Ilha das Cobras, considerada uma das áreas mais vulneráveis de Paraty. Criada em 2003, durante a primeira edição da Flip, com um pequeno acervo de livros dos autores convidados à época, a biblioteca hoje acumula mais de 16 mil títulos. Além disso, oferece programação permanente para a formação de leitores e apoio aos professores da rede pública.
Autores
Entre os autores nacionais e estrangeiros que participam este ano da Flip estão a compositora Adriana Calcanhoto; o líder indígena e ambientalista Ailton Krenak; a artista e dramaturga brasileira Grace Passô; a artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba; o escritor angolano Kalaf Epalanga, membro da banda Buraka Sim Sistema; a escritora americana Kristen Roupenian; a fotógrafa inglesa naturalizada brasileira Maureen Bisilliat; a escritora canadense Sheila Heti.
Por motivo de saúde, o biólogo e pesquisador Stuart Firestein, professor da Universidade de Columbia, Estados Unidos, onde lidera estudo sobre o sistema olfativo de animais vertebrados, cancelou sua vinda ao Brasil para participar da Flip. Firestein comandaria a Mesa 18, sobre a terra indígena Massacará, e será substituído pelo neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro.
Cultura
A Secretaria Municipal de Cultura de Paraty terá programação intensa na 17ª Flip. As atividades passarão pela Biblioteca Municipal, Cinema na Praça, Mercado das Artes, onde funciona o espaço oficial do artesanato local.
Em entrevista à Agência Brasil, o secretário adjunto de Cultura de Paraty, José Sérgio Barros, destaca que a Flip é o maior evento de literatura da América Latina pela oferta e diversidade de programação. “É o grande diferencial da Flip para movimentar toda a parte do turismo e economia do município, além do trabalho desenvolvido na parte educacional”.
Barros ressalta o movimento maior registrado nos equipamentos culturais que conseguem envolver mais os estudantes de Paraty durante a Flip. Em algumas edições da festa que ocorreram fora do período letivo, foi difícil para as escolas mobilizar os alunos, lembrou o secretário. Este ano, a Flip retorna para dentro do período letivo, quando a adesão dos estudantes é maior.
Durante 11 anos, o secretário adjunto de Cultura liderou todo o movimento estudantil na Flip por meio da Flipinha, respondendo diretamente pelo envolvimento dos estagiários da formação de professores e dos alunos do ensino médio, e pelas atividades infantis nos eventos Arte na Praça e Os Pés de Livros, que eram realizados nos cinco dias da festa. “A gente consegue ver de fato um movimento muito maior quando tem o envolvimento com as escolas”.
A Flip conta com patrocínio do Ministério da Cidadania e do Banco Itaú, e copatrocínio da EDP e CMPC.