Ministros do governo Lula aguardam liberação de vistos para a Assembleia Geral da ONU, enquanto ONU classifica situação como “preocupante”
Por Sandra Venancio – Foto Ricardo Stuckert/PR
Nova York / Brasília – A menos de uma semana para a abertura da Assembleia Geral da ONU, parte da comitiva brasileira ainda não recebeu os vistos necessários para ingressar nos Estados Unidos. A situação foi confirmada pelo Itamaraty e reportada pelo jornal O Globo. Entre os integrantes afetados estão os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Justiça, Ricardo Lewandowski.
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O impasse motivou protesto formal do Brasil junto à ONU, durante reunião da semana passada, que também tratou da situação da delegação palestina, impedida de participar do encontro em Nova York. Apesar do atraso, o Ministério das Relações Exteriores acredita que todos os representantes brasileiros conseguirão participar da conferência, prevista para começar no próximo dia 23 de setembro, na sede das Nações Unidas.
ONU classifica situação como “preocupante”
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, declarou que o episódio é “preocupante”, lembrando que o acordo firmado em 1947 obriga os Estados Unidos, país-sede, a garantir a entrada de representantes oficiais de todas as delegações.
“Esperamos que os vistos sejam emitidos. Como já enfatizamos, no caso da delegação da Palestina, o acordo determina que o governo anfitrião deve facilitar a entrada de pessoas com negócios a tratar com esta organização”, disse Dujarric, referindo-se à revogação de vistos de membros da Autoridade Palestina e da Organização para a Libertação da Palestina neste ano.
Brasil avalia medidas legais
Segundo Marcelo Viegas, diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, apenas parte dos ministros precisou solicitar novos vistos, já que outros participantes ainda possuem autorizações válidas.
“Temos a indicação do governo americano de que os vistos que ainda não foram concedidos estão em vias de processamento. Qualquer medida que não se confirme é uma violação legal. Nesse caso, o Brasil poderia solicitar um procedimento arbitral para análise pelas Nações Unidas”, explicou Viegas.
Tensão política com Trump
A crise diplomática se intensificou após declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que indicou a possibilidade de restringir vistos à delegação brasileira. Trump afirmou estar “conversando” com seus assessores e comentou que “as coisas no Brasil estão indo muito mal”, aumentando a apreensão política e diplomática em Brasília.
O episódio evidencia um possível conflito entre Washington e Brasília em torno da participação brasileira na Assembleia Geral da ONU, que reúne líderes e representantes de quase 200 países.