O novo prefeito de Paulínia, José Pavan Júnior (PSB), em sua primeira entrevista coletiva à imprensa, após tomar posse no cargo sexta-feira à noite, revelou um cenário “extremamente delicado” na administração que herdou de Edson Moura Júnior (PMDB), cassado sete vezes, e que, nesta segunda-feira mesmo (9), teve indeferidos, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) dois mandados de segurança para retornar ao cargo. (Na sexta-feira, perdeu outros dois mandados no Tribunal Superior Eleitoral – TSE, em Brasília.)
Pavan citou desde a situação caótica do Hospital Municipal de Paulínia, com 12 mil pedidos de exames de ultrassom em fila de espera, 496 cheques não pagos a fornecedores, de agosto a dezembro passado, até a retirada de quatro projetos de seu antecessor – um deles para representação do município no exterior -, cancelamento de licitação de R$ 2,5 milhões para o Carnaval, anulação da Paulínia Filmes, contestadas pelo Tribunal de Contas do Estado e caixa praticamente zerado, nesta segunda-feira (9), para um município de seu porte, com quase 100 mil habitantes (84.512 habitantes em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.)
“Não temos intenção de retaliar ninguém, queremos trabalhar para resgatar Paulínia de todos esses problemas, mas logicamente vamos levar todas as irregularidades ao conhecimento do Ministério Público. Não vou varrer sujeiras para debaixo do tapete. Estamos vivendo um momento gravíssimo. A verba que seria usada no Carnaval, cerca de R$ 2,5 milhões, é suficiente para dois anos de subvenção da APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais ou para pagar metade da reforma da Escola José Lozano de Araújo. As quatro novas secretarias – uma delas a de Direitos dos Animais, já atendida pela área de Zoonose – criariam 187 novos cargos e gasto estimado em aproximadamente R$ 16 milhões e 200 mil em 2015. Vou usar o dinheiro de Paulínia, prioritariamente, em saúde, educação e ações sociais, sem esquecer das demais áreas da Prefeitura”, afirma o prefeito.
Pavan encontrou a Prefeitura com portas trancadas sem chaves e sem condições para comprar combustível. “Adotamos um racionamento para os carros administrativos e priorizamos combustível para ambulância e a Guarda Municipal de Paulínia. No caso da fila de 12 mil pedidos de ultrassom, vamos tomar alguma medida emergencial, talvez realizando exames com ajuda de municípios vizinhos”
DÍVIDAS
O secretário municipal de Saúde, médico Ricardo Carajeleascow, traçou um cenário do que levantou no primeiro dia útil de trabalho, na nova administração. “Encontramos 80 contratos de fornecedores vencidos ou por vencer, num total de R$ 1 milhão e 800 mil, a Clínica de Reabilitação de Dependentes tem uma dívida de R$ 750 mil, sem nenhum contrato; do total previsto de 500 itens do Centro de Distribuição de Medicamentos, 120 estão com estoques zerados. O prefeito anterior anunciou que havia 96 leitos no bloco 3 do Hospital Municipal, quando o inaugurou. Tem apenas 67 em funcionamento. Do total de 243 leitos previstos, há apenas 95 atualmente. O hospital está sem gerador de energia, sem ar condicionado, tem fila para 400 exames de colonoscopia e para 400 mamografias, faltam pediatras e clínicos, as duas ambulâncias com UTI (Unidade de Terapia Intensiva), tem equipamentos, mas não têm médicos.
Paralelamente, levantamento feito por jornalista local revela que a Prefeitura de Paulínia tem uma dívida total de R$ 65 milhões. “Vamos apurar”, disse o prefeito José Pavan Júnior. A entrevista foi acompanhada pelos vereadores Ângela Duarte e Fábio Valadão.
SECRETARIADO
Pavan divulgou também o nome de seus secretários, quatro deles interinos. Edinaldo André Bubenick (Secretaria de Defesa Civil), José Valentim Krepski (Transportes), Fábio Feldman (Segurança Pública), Iraci Delgado Souza Pinto (Secretária Chefe de Gabinete), Luciano Aparecido de Lima (Finanças e Administração), Mara Ferrari (Promoção e Desenvolvimento Social), Neide Aparecida Galhiase Monteiro da Silva (Turismo), Regina Helena de Campos Marciano (Educação), Ricardo Carajeleascow (Saúde), Sandra Regina Beraldo (Recursos Humanos – Interina), Zaqueu Pereira de Souza (Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente), Paulo Sérgio Caldas Busch (Habitação), Flávia Helena Bongiorno Bertoni (Negócios Jurídicos – Interina), Marcelo Alexandre Soares da Silva (Planejamento), Hércules Duarte (Indústria e Comércio), Silvana de Fátima Caldas Piva (Negócios da Receita – Interina), Otávio Carlos Firmino (Esportes e Recreação – Interino), Fernanda Cândido de Oliveira (Cultura), Marcelo Lima Barcellos de Mello (Obras) e Jurandir Matos (Secretário de Governo).




