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terça-feira, outubro 28, 2025
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PF destrói 49 embarcações em nova ofensiva contra garimpo ilegal no Rio Madeira

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Operação Hefesto II apreende celulares e mercúrio, mira financiadores e reforça sequência de ações federais na Amazônia Legal

Por Sandra Venâncio


A Polícia Federal, com apoio do Ibama, deflagrou nesta sexta-feira (24/10) mais uma operação de enfrentamento ao garimpo ilegal no Rio Madeira, em Rondônia, inutilizando 49 dragas e balsas usadas na extração clandestina de ouro. A ação integra uma ofensiva contínua para conter crimes ambientais que avançam sobre comunidades ribeirinhas e territórios indígenas.

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As equipes percorreram o trecho entre os distritos de Aliança, São Carlos e Nazaré, onde localizaram estruturas de médio e grande porte, evidenciando um esquema organizado de mineração em larga escala, distante de atividades artesanais frequentemente alegadas pelos garimpeiros.

Ação inutilizou 49 embarcações e motores; apreensões incluem aparelhos celulares e mercúrio. Foto Divulgação Policiai Federal

Como a remoção das balsas era inviável, os agentes optaram por inutilizar os equipamentos no local, prática adotada em operações ambientais quando há risco de retomada imediata da atividade criminosa. Além disso, foram apreendidos celulares de suspeitos e frascos de mercúrio — substância altamente tóxica e usada no processamento do ouro — que devem contribuir para rastrear a cadeia logística do garimpo.

A PF afirma que o garimpo ilegal no leito do Madeira provoca graves danos ambientais, como contaminação por mercúrio e degradação de ecossistemas fluviais essenciais à sobrevivência de povos da região.

A Operação Hefesto II ocorre cerca de um mês após outras investidas federais, como as operações Leviatá e Boiúna, que também miraram a exploração clandestina do ouro na Amazônia. As novas diligências ressaltam uma estratégia contínua de pressão sobre quadrilhas que financiam, operam e lucram com a atividade.

Agora, o foco da investigação avança para os responsáveis por abastecer financeiramente e estruturar a extração ilegal, além de identificar quem compra e distribui o ouro extraído sem autorização. Os envolvidos poderão responder por crimes ambientais, associação criminosa e usurpação de bens da União.

Em nota, a Polícia Federal reforçou que seguirá atuando para proteger a Amazônia e garantir que os recursos naturais não continuem sendo explorados por redes criminosas que atuam à margem da lei.

Operação Operação Hefesto II (24/10/2025) — trecho do Rio Madeira, Rondônia

  • Área de atuação: Distrito de Aliança → São Carlos → Nazaré (RO)
  • Equipamentos inutilizados: 49 embarcações e motores de médio e grande porte, empregados na extração ilegal de ouro
  • Itens apreendidos: celulares de suspeitos + frascos contendo mercúrio — substância altamente tóxica usada no processamento do ouro
  • Tipo de atividade identificada: dragas e balsas estruturadas, escala acima do artesanal
  • Objetivo da investigação: rastrear financiadores, operadores logísticos, receptadores do ouro extraído ilegalmente
  • Crimes investigados: crimes ambientais, usurpação de bens da União, associação criminosa
  • Contexto mais amplo: ação sucede operações como Operação Leviatá e Operação Boiúna, também no Rio Madeira, com foco no garimpo ilegal

Infográfico: impactos ambientais e rotas de contaminação

https://insightcrime.org/wp-content/uploads/2024/03/Amazonas-Mercurys-Use-in-Gold-Mining-in-Bolivia-InSight-Crime-Apr-2023-768x1079.jpg
https://pub.mdpi-res.com/toxics/toxics-12-00204/article_deploy/html/images/toxics-12-00204-ag.png?1709799990=
https://media.nature.com/lw767/magazine-assets/d41586-021-02644-x/d41586-021-02644-x_19714716.png

  1. Uso de mercúrio — Na extração de ouro, o mercúrio é misturado ao minério para separar o ouro, depois aquecido, liberando vapor de mercúrio altamente tóxico que contamina o ar, água e solo.
  2. Cadeia de contaminação — O mercúrio liberado entra nos rios, sedimentos e bioacumula-se nos peixes, alcançando comunidades ribeirinhas e indígenas que dependem da pesca. Estudos mostram que até as florestas podem absorver vapor de mercúrio.
  3. Desmatamento e degradação — A dragagem e o uso de balsas alteram o leito dos rios, desflorestam margens e provocam erosão, deixando “paisagens de crateras” e comprometendo ecossistemas.
  4. Emissões de carbono e impactos climáticos — Embora menos visível, a mineração ilegal também gera emissão de gases de efeito estufa e uso intensivo de combustíveis fósseis, agregando uma dimensão climática à degradação.
  5. Rotas de extração e escoamento — O ouro extraído ilegalmente percorre rotas que incluem transporte fluvial, possíveis receptações fora da região, lavagem e integração ao mercado formal, dificultando o rastreamento.

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