Indústria puxa avanço; consumo das famílias segue praticamente parado
A economia brasileira registrou alta de 0,1% no terceiro trimestre de 2025, em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4). O resultado, considerado estável pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mantém a sequência de 17 trimestres seguidos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em valores correntes, a soma de bens e serviços produzidos no país chegou a R$ 3,2 trilhões.
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Na comparação anual, o PIB avançou 1,8% frente ao terceiro trimestre de 2024, acumulando crescimento de 2,7% nos últimos quatro trimestres.

O crescimento trimestral foi puxado sobretudo pela indústria, que cresceu 0,8% no período. A agropecuária avançou 0,4% e os serviços, setor com maior peso no PIB, ficaram praticamente estáveis, com variação de 0,1%. Dentro dos serviços, os principais destaques foram transporte, armazenagem e correio (2,7%), informação e comunicação (1,5%) e atividades imobiliárias (0,8%). O comércio também apresentou avanço de 0,4%.
Apesar da reação industrial, o consumo das famílias permanece praticamente parado, com alta de apenas 0,1%. Já o consumo do governo cresceu 1,3% e os investimentos medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) tiveram alta de 0,9%.
O desempenho da indústria está ligado à expansão da produção extrativa (1,7%) e ao crescimento da construção civil (1,3%), que tem sido impulsionado por obras de infraestrutura e expansão imobiliária. Indústrias de transformação avançaram 0,3%, enquanto o segmento de eletricidade, gás e saneamento recuou 1%.
O transporte, por sua vez, teve forte crescimento em razão do escoamento de produção mineral e agrícola, reflexo da safra e de demandas externas em alta, sobretudo no minério de ferro.
O resultado trimestral mostra continuidade do crescimento, mas também evidencia diferença entre a retomada industrial e a lentidão do consumo familiar. Mesmo com inflação baixa e massa salarial em alta, o gasto das famílias não reage no mesmo ritmo, o que pode indicar concentração de renda e desigualdade nos efeitos da recuperação econômica.
A expansão dos investimentos sinaliza aumento da capacidade produtiva, mas ainda concentrada em setores de infraestrutura, extrativismo e construção, com menor impacto imediato no mercado de trabalho do varejo e serviços populares.
Os próximos trimestres devem indicar se o avanço industrial se converte em melhora mais ampla do consumo e distribuição de renda.




