O segundo dia de celebrações dos 45 anos do Partido dos Trabalhadores (PT) reuniu, neste sábado (22), os quadros mais importantes da legenda, na região portuária do Rio de Janeiro. O Armazém 3 do Pier Mauá, no centro da capital fluminense, ficou lotado para receber o presidente Lula, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Paulo Okamotto, além de membros do governo, parlamentares petistas e outros correligionários do presidente.
Em discurso, Lula se emocionou ao lembrar do acidente doméstico que sofreu no Palácio da Alvorada e das investidas truculentas da extrema direita contra seu governo. O presidente assegurou, contudo, que sua saúde está em perfeito estado e pregou o enfrentamento à burguesia e seus representantes.
“Sinceramente, foi o momento mais delicado da minha vida, os médicos chegaram a dizer que eu poderia ter entrado em coma. Chegaram a dizer que eu poderia morrer por causa disso, e graças a Deus, ontem eu fui fazer os exames, e o Luninha está 100%”, garantiu, antes de ser ovacionado pela militância petista.
“Eu estou mais vivo do que nunca, mais forte do que nunca, e quem quiser me derrotar vai ter que ir para um lugar que a gente sabe combater, que é na rua, conversando com o povo, conversando com mulheres, conversando com homens, organizando as pessoas, porque a gente não veio de forma temporária, a gente veio para mudar a história do Brasil”, completou.
Políticas de inclusão social
Lula defendeu os investimentos em inclusão social e criticou o governo anterior por ter negligenciado os mais vulneráveis. “Nós hoje investimos em política social e política de inclusão mais de R$ 300 bilhões. Se não fosse a nossa política de inclusão e ele [Jair Bolsonaro] estivesse governando, esse dinheiro ia pra mão de quem? Pra mão dos mesmos que sempre ficaram com o dinheiro desse país”, condenou.
“Nós vamos cuidar do povo mais pobre, do povo trabalhador, dos empreendedores, dos pequenos, que é que a gente precisa custar. É pra isso que o PT veio, é pra isso que o PT nasceu”, resumiu Lula.
O presidente enalteceu os papéis da presidenta do PT e da primeira-dama, Janja Lula da Silva, na política nacional. Sobre Gleisi, ele disse que não saberia “se a gente teria um homem capaz de aguentar” o que a parlamentar teve que administrar nos últimos anos. “Você é motivo de orgulho para mim”.
A respeito de Janja, o presidente a definiu como “a bola da vez”, por conta da perseguição da extrema direita à primeira-dama. E prosseguiu: ”Eu disse pra ela: você tem duas opções. Ou pára de fazer o que gosta e eles vão parar de te incomodar, ou você continua falando até eles perceberem que não vão mudar a sua ideologia.”
“Ainda estamos aqui”
Lula também fez um balanço da reconstrução do país levada a cabo pelo governo federal desde que venceu as eleições para um terceiro mandato. E celebrou o filme Ainda estamos aqui, que está concorrendo ao Oscar. “Eu não posso deixar de fazer referência ao bom momento do cinema nacional e dizer: nós, o PT, ainda estamos aqui”, afirmou, sob aplausos.
Apesar do momento difícil por que atravessa a democracia brasileira, o presidente pediu esperança aos trabalhadores e às trabalhadoras. “O PT nasceu para ser diferente, mas não se trata de propor uma volta ao passado. O Brasil e o mundo mudaram muito nos últimos anos, e o PT precisa estar conectado com o futuro. E o futuro tem enormes desafios”, reconheceu.
“Não precisamos temer o futuro. Precisamos, ao contrário, ajudar a construir um futuro melhor para o Brasil e para o povo brasileiro. Provando que mesmo o mundo cada vez mais digitalizado, o Brasil vai sempre superar a mentira, o amor vencer o ódio e a esperança vai ser maior que o mesmo. É esse país que nós precisamos construir”, convocou Lula. “O Brasil é grande demais para ser pequeno diante de qualquer país, por maior que ele seja”.
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A primeira presidenta do PT
Gleisi foi muito ovacionada pelos presentes ao Armazém 3 do Pier Mauá. Primeira presidenta da história do PT, a deputada agradeceu à militância pela capacidade de resistência e pelo engajamento em defesa de Lula e do legado do partido.
“Só foi possível chegarmos até aqui porque tínhamos vocês. Ninguém baixou a cabeça. Nossa militância foi muito firme, muito forte, sem medo de enfrentar tudo aquilo que nós enfrentamos. Se o presidente Lula subiu de novo a rampa do Palácio do Planalto, é por causa da resistência, da resiliência da militância do Partido dos Trabalhadores”, elogiou.
Ela também reiterou o orgulho que representou presidir a maior legenda de esquerda da América Latina por oito anos. “Eu tenho muito orgulho de presidir esse partido. É uma das missões mais importantes da minha vida, presidir o partido dos trabalhadores e das trabalhadoras, um partido criado na luta”, resumiu.
A deputada fez questão de lembrar o vanguardismo do PT ao incluir as mulheres nas mais importantes lutas do partido e mencionou o nome da ex-presidenta Dilma Rousseff, outro símbolo de resistência da esquerda brasileira, a exemplo de Lula.
“Nenhum presidente abriu tanto caminho para mulheres, incentivou, oportunizou, construiu para que a primeira mulher, nossa companheira Dilma Rousseff, se tornasse presidenta da República. E para que a primeira mulher fosse presidenta de um dos maiores partidos desse país, o partido que o senhor foi fundador”, reconheceu Gleisi.
“O valor histórico dessa postura foi, é e será fundamental para colocar, de vez, mulheres como protagonistas na cena da política brasileira […] Viva a militância feminina, as mulheres do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras”, destacou, sob aplausos.
Em relação às origens do PT e às características que o tornam único, Gleisi enfatizou a importância de manter a conexão com o povo trabalhador. “Não estaríamos aqui se não tivéssemos mantido nosso compromisso com a origem, com os trabalhadores e com o povo brasileiro.”
“Nosso compromisso foi mudar a política, o país e a vida das pessoas. Começamos inovando na organização política, um partido organizado de baixo para cima, nas fábricas, nos campos, nas escolas, comunidades de base, para dar vez e voz a quem nunca teve”, prosseguiu a presidenta do PT.