Prisão de Rodrigo Bacellar leva crise do Ceperj ao TSE e ameaça mandato de Cláudio Castro
A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), coloca o governo Cláudio Castro (PL) diante de um novo risco de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambos são acusados de montar um esquema no Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos (Ceperj) para contratar funcionários fantasmas e usá-los como cabos eleitorais pagos com verba pública.
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O caso já havia sido julgado no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). A corte reconheceu a existência do esquema, mas considerou que ele não alterou o resultado das eleições de 2022, quando Castro venceu com ampla vantagem sobre Marcelo Freixo. A decisão foi apertada: apenas um voto salvou o mandato da dupla. Com a prisão de Bacellar, volta ao centro do processo a tese de abuso de poder político e econômico, que pode levar à cassação dos mandatos no TSE.

Planos secretos para escapar da Justiça Eleitoral
A prisão ocorre no momento em que circulavam negociações reservadas entre aliados de Castro e Bacellar para levá-los ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). A estratégia funcionaria como uma espécie de blindagem: os dois deixariam a política eleitoral antes da decisão do TSE e passariam a ter foro especial em outra esfera. A operação policial atinge diretamente esse plano e expõe os acordos, pressionando o próprio TCE, que tem vagas abertas disputadas por grupos partidários.
A movimentação indica que a disputa não envolve apenas punição eleitoral, mas também o controle de órgãos com acesso a contratos e fiscalização de contas públicas — inclusive as que envolvem o Ceperj.
Racha e vingança interna no governo
Bacellar era o nome indicado por Castro para disputar sua sucessão em 2026, até o rompimento entre os dois. A crise começou quando o presidente da Alerj assumiu temporariamente o governo e exonerou o secretário de Transportes Washington Reis, possível candidato ao Palácio Guanabara. A retaliação gerou guerra interna e colocou Bacellar contra parte do núcleo político de Castro.
A ruptura piorou quando Bacellar ameaçou abrir uma CPI para investigar a contratação de refeições para presos no estado. A comissão não saiu do papel, mas abriu fissuras com grupos próximos ao governador que participavam de negociações de contratos na área de alimentação.
Pontos da investigação que podem explodir
A prisão amplia o interesse sobre três linhas investigativas ainda pouco exploradas e que podem atingir lideranças de vários partidos no Rio:
- Lista de servidores do Ceperj financiados com verba eleitoral – cruzamento com doações de campanhas e vínculos partidários.
- Empresas terceirizadas e ONG’s ligadas a contratações temporárias – possível uso como caixa paralelo.
- TCE como destino de políticos investigados – acordos para garantir foro e controle da fiscalização de contas.
Há similaridade com casos já julgados pelo STF envolvendo o uso de institutos públicos para financiar campanhas por meio de contratações fictícias. A delação de servidores que receberam dinheiro sem trabalhar pode se tornar elemento decisivo, assim como rastreamento de contratos firmados às vésperas da eleição.
A nova fase da crise deixa o governo fluminense exposto e abre espaço para disputa na sucessão estadual. A queda de Bacellar libera vaga de poder e interessa a grupos da Baixada Fluminense, que aguardam a decisão do TSE para definir candidatos e acordos com empresários ligados a contratos públicos.




