Qual é a dieta da vez?
Especialistas advertem: dietas malucas e muito restritivas não funcionam
Mariana Dorigatti
Nas bancas de jornal é comum encontrar todas as semanas revistas com dietas diferentes e milagrosas que prometem “secar” os pneuzinhos para o verão, porém, o emagrecimento é temporário, e muitas vezes prejudicial à saúde.
Dieta da sopa, da fruta, do suco, do carboidrato, da lua, dos pontos, etc. Isso tudo é bobagem para especialistas da área de alimentação, que acreditam que as chamadas “dietas da moda” não apresentam sucesso quando avaliadas em longo prazo. O endocrinologista Josivan Lima analisa que as dietas muito restritivas geralmente desencadeiam um mecanismo de defesa do organismo que acaba reduzindo o metabolismo para conseguir viver com uma pequena quantidade de calorias. Isso porque o corpo não diferencia se estamos perdendo peso por estarmos doentes ou porque desejamos. E assim, as dietas muito restritivas acabam dando um efeito contrário. “Quanto mais rápido se perde, mais rápido se ganha”, afirmou Dr. Josivan.
A melhor opção é perder um quilo de cada vez, com restrições pequenas e objetivos reais. Nada de querer ficar com o corpo da Gisele Bündchen com um mês de salada e ginástica, pois uma dieta que nos afaste totalmente da rotina alimentar tem pouca chance de dar certo.
O que funciona mesmo é a junção da alimentação equilibrada e atividade física. Essa é a dupla que até hoje traz melhor qualidade de vida para quem quer emagrecer e se manter saudável ao mesmo tempo. A dieta equilibrada é feita a partir de uma reeducação alimentar, em que o nutricionista ensina a pessoa a comer, fazendo com que ela consiga manter um peso saudável ao longo da vida a partir da mudança de comportamento, desde que essa mudança não seja muito brusca, e que aconteça vagarosamente.
Pensamento magro:
Na cultura de nosso país, a comida está diretamente relacionada a festividades, e é colocada como elemento central de qualquer evento: casamentos, aniversários, reuniões de negócio, etc sempre são atrelados a ingestão de grandes quantidades de comida. Além disso, existe uma ideia implantada em nossa cultura, que relaciona a magreza com a doença e a gordura com saúde. Este tipo costume enraizado em nosso cotidiano, contribui para o aumento de pessoas obesas no Brasil e no mundo.
Porém, a obesidade é uma doença como qualquer outra e precisa ser tratada como tal, já que a compulsão por comida não é diferente da compulsão por álcool, cigarro, drogas, jogo etc.
O endocrinologista Josivan Lima ressalta a importância de se diferenciar a fome orgânica da fome psicológica. “Na fome psicológica, o indivíduo geralmente está com algum problema que lhe causa ansiedade e a comida é utilizada como forma de válvula de escape; mesmo comendo, a fome não passa, pois o problema não se resolve com a ingestão alimentar”.
Existem casos, em que após um grande emagrecimento em um curto espaço de tempo, o paciente continua se enxergando obeso, chegando até a comprar roupas largas que usava antes de emagrecer, isto porque “o corpo mudou externamente, mas a imagem corporal interna demora mais tempo para mudar”, explicou a psicoterapeuta Silvia Barros. É por isso que o acompanhamento psicológico antes, durante e depois do emagrecimento é muito importante. Dra. Silvia Barros explica que o tratamento psicoterapêutico, vai ajudar o obeso a se perceber física e emocionalmente, “É preciso que haja uma conscientização de que, junto com a mudança de peso deve acontecer uma mudança da relação da pessoa com o prazer, ou seja, o prazer não deverá ser tão diretamente associado à comida”, afirmou.
Remédio da moda:
Na busca incessante pelo emagrecimento, muitas pessoas se deparam com um medicamento que promete inibir a fome e aumentar o metabolismo fazendo com que o usuário perca peso de forma muito rápida. Essa droga é a anfetamina, presente na maioria dos remédios para emagrecer existentes no mercado.
A Anfetamina age diretamente no Sistema Nervoso Central, proporcionando euforia e concentração, o que causa um significativo aumento da capacidade física e mental do usuário. Porém faz com que o organismo trabalhe acima de suas necessidades exercendo esforços excessivos, e isso é extremamente prejudicial à saúde.
A nutricionista Alessandra Missio Pereira alerta que o uso de anfetaminas quase nunca é recomendado, devendo ser receitado somente em casos de obesidade grau III, em que o tratamento acompanhado por médicos, faria a pessoa emagrecer cerca de quinze quilos em uma semana, tirando-a de uma zona de risco causada pelo excesso de gordura. Além disso, a interrupção do consumo causa um efeito rebote onde a pessoa começa a sentir fome novamente e pode engordar duas ou três vezes mais do que antes de consumir o remédio. Por essa razão é que o uso deve ser restrito a pessoas que realmente precisam perder peso rapidamente. “Não compensa o uso de anfetaminas no caso de um emagrecimento pequeno”, afirmou a nutricionista.
O uso indiscriminado de anfetaminas em longo prazo pode causar inúmeros problemas à saúde, entre eles o infarto, o AVC (Acidente Vascular cerebral) e o aneurisma cerebral. Os transtornos psicóticos também são muito comuns em usuários de anfetaminas, tais como, transtorno Bipolar, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), Síndrome do Pânico, Transtorno de Personalidade, além de depressão e ansiedade.
No passado:
Ao observarmos fotos e filmes antigos, é possível notar a ausência de pessoas obesas inseridas na população. Isso porque a população mundial está engordando cada vez mais.
Especialistas advertem para a qualidade dos alimentos, que foi adulterada pela indústria alimentícia a fim de trazer economia na produção. Os alimentos industrializados possuem aditivos químicos que conservam por mais tempo, dão mais cor e sabor aos alimentos. Nesse sentido, a indústria química não se preocupa com a saúde dos consumidores, sendo que ela alterou o hábito alimentar da população ao longo dos anos.
O sedentarismo também é apontado como uma das causas do aumento da obesidade no mundo. Devido às facilidades que a tecnologia nos proporciona, é comum encontrar crianças que passam as férias inteiras na frente do videogame, enquanto no passado as crianças passavam o dia brincando na rua.