A Secretaria de Saúde de Campinas ampliou a estratégia contra a febre amarela nesta semana com a vacinação de casa em casa realizada por equipes de 26 centros de saúde (CSs). O objetivo é fortalecer a imunização para quem reside em regiões onde o risco de transmissão é maior: área rural, próximas a matas ou com características de floresta.
A orientação do Programa de Imunização é para que todos os moradores de Campinas, a partir de 9 meses, que ainda não receberam a dose, compareçam aos CSs para aplicação. Vale destacar, porém, que a vacinação é seletiva, ou seja, as pessoas a partir de 5 anos que já tomaram uma dose ao longo da vida não precisam receber outra.
Na semana anterior, a Secretaria de Saúde já havia iniciado um trabalho temporário para intensificar a imunização em aproximadamente 1,9 mil residentes em 11 bairros de risco para a doença: Carlos Gomes, Gargantilha, Sousas, Joaquim Egídio, Xangrilá, Recanto dos Dourados, Bananal, Village, Jardim Paranapanema, Jardim São Vicente e Parque Jambeiro.
A estratégia de vacinar de casa em casa amplia a ação e contempla locais que fazem parte da abrangência dos CSs e apresentam as condições naturais que significam maior potencial de risco para transmissão. As unidades básicas participantes da iniciativa são:
- CSs do distrito Norte: Barão Geraldo, Jardim Eulina, Jardim Santa Mônica, Parque Santa Bárbara, Village e San Martin.
- CSs do distrito Suleste: Jardim Paranapanema, Vila Orozimbo Maia, Vila Ipê, Jardim Esmeraldina, Jardim São Vicente, Sousas e Joaquim Egídio.
- CSs do distrito Sul: Jardim São Domingos, Jardim Nova América, Jardim San Diego, Parque da Figueira e Carvalho de Moura.
- CSs do distrito Leste: Carlos Gomes, Taquaral e Vila 31 de Março.
- CSs do distrito Noroeste: Campina Grande, Parque Floresta e Santa Rosa.
- CSs do distrito Sudoeste: Jardim São Cristóvão e União de Bairros.
“A vacinação contra febre amarela é a principal estratégia de prevenção e controle da doença, sendo essencial para a proteção da saúde. Sendo assim, a atenção deve ser redobrada para aqueles que moram, atuam ou se deslocam para onde o risco de transmissão é maior”, destacou a coordenadora do Programa de Imunização, Chaúla Vizelli.
Moradores aprovam iniciativa
A Saúde realizou na tarde desta quarta-feira, 5 de fevereiro, vacinação de casa em casa na região do CS Joaquim Egídio. “Eu acho importante vir nas casas. Como eu não tinha certeza se já tomei, recebi a vacina de novo”, explicou o leiteiro Ronaldo Benetti.
“Acho importante vir na casa porque muitos não têm condição de ir ao posto. Tem criança, mamãe que trabalha, é muito importante”, destacou a babá Vanuza Camargo Gonçalves.
Situação de Campinas
A forma da doença que ocorre no Brasil é a febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, em regiões fora dos centros urbanos. É uma doença grave, que se caracteriza por febre repentina, calafrios, dor de cabeça, náuseas e leva a sangramentos no fígado, no cérebro e nos rins, podendo, em muitos casos, causar a morte.
O último caso humano de febre amarela silvestre contraída em Campinas foi de um homem em 2017, que esteve na zona rural da área atendida pelo Centro de Saúde (CS) Sousas. O caso evoluiu para cura. Já a febre amarela urbana teve o último caso no Brasil em 1942.
A metrópole também não registrava casos positivos da doença em macacos desde 2019.
Vacinação ampliada
A ampliação e intensificação da vacina vale para os seguintes grupos:
- Crianças de 6 a 8 meses: recebem uma dose durante a ação. Os responsáveis serão orientados para garantirem a vacinação completa, sendo: uma dose aos 9 meses e uma dose de reforço aos 4 anos.
- Pessoas com 60 anos ou mais: a vacinação será realizada dependendo da avaliação do risco relacionado às comorbidades, doenças autoimunes, tratamentos específicos ou uso contínuo de medicamentos que contraindiquem a aplicação da vacina febre amarela nessa faixa etária.
- Gestantes e mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 meses: são orientadas a suspender a amamentação por dez dias após a vacinação e recebem as recomendações para extração e armazenamento do leite materno antes da vacinação. Dessa forma o aleitamento neste período pode ser garantido.
“Moradores das áreas urbanas que visitam ou frequentam áreas de floresta, mata fechada, borda de mata e região rural devem receber uma dose dentro dos critérios de ampliação de vacinação”, explicou a enfermeira Cíntia Bastos, do Programa de Imunização de Campinas.
Antes desta medida, o esquema de rotina já ocorria da seguinte forma:
- Crianças: 1 dose com 9 meses e 1 dose de reforço aos 4 anos.
- A partir de 5 anos, adolescentes e adultos: uma dose. Quem não tiver comprovante ou certeza de que já recebeu o imunizante, e se não houver registro em sistema do SUS Municipal, deve receber nova vacina.
Em 2024, a cobertura ficou em 83,6%, abaixo da meta de 95% orientada pelo Ministério da Saúde. Este percentual ainda está sujeito a revisão, mas neste momento é superior aos índices de 2023 e 2022, quando foram contabilizados, respectivamente, 82,8% e 70,9%.
As salas de aplicação da dose funcionam conforme horário de cada centro de saúde. Os endereços e contatos estão no site: https://vacina.campinas.sp.gov.br.
Proteção aos macacos
Os macacos não são transmissores da febre amarela, mas, sim, vítimas da doença. A presença de animais doentes serve como “alerta” aos órgãos da saúde sobre a circulação do vírus, uma vez que quando contaminados os primatas dificilmente sobrevivem.
Vale ressaltar ainda que a febre amarela não é transmitida ao entrar em contato com uma pessoa ou animal infectado, uma vez que não é contagiosa. É importante lembrar que agredir ou matar macacos é crime ambiental (Lei Federal nº 9.605/1998, artigo 29) e prejudica o trabalho de prevenção dos surtos de febre amarela.
A Saúde orienta que a ocorrência de macacos mortos em Campinas, de qualquer espécie, como saguis, bugios ou macacos-prego (mesmo em estágio avançado de decomposição), deve ser imediatamente comunicada para a Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), pelos telefones:
- de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h: (19) 2515-7044
- após as 17h em dias úteis, finais de semana e feriados: 199
Vai viajar ou frequentar locais com matas e florestas?
Quem for viajar para fora do Brasil precisa se informar sobre a exigência sanitária de alguns países por meio do site da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa).
Para obter o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP) é necessário receber a vacina pelo menos 15 dias antes do embarque para conseguir proteção adequada e emissão do documento. Já as demais pessoas são consideradas imunizadas contra a febre amarela dez dias após a aplicação da dose.
O uso de repelentes é recomendado para evitar picadas do mosquito, principalmente para pessoas que por algum motivo ainda não tenham recebido a vacina. Outra recomendação vale para quem frequentou recentemente locais de mata ou regiões rurais: procure um centro de saúde se tiver febre acompanhada de um ou mais dos sintomas: dor de cabeça, dor no corpo, náuseas e vômitos, urina escurecida, olhos amarelados ou sangramentos.